
O ex-presidente Jair Bolsonaro discursou na manifestação pela anistia aos presos do 8 de janeiro realizada na Avenida Paulista neste domingo (6). Em fala emocionada, dedicou o evento à luta pela liberdade, afirmando que “o homem ou a mulher sem liberdade não vive”.
Defesa da anistia e caso Débora
Bolsonaro destacou que a manifestação foi em grande parte impulsionada pelo caso de Débora, mãe de dois filhos, que recentemente foi transferida para prisão domiciliar, mas já conta com votos de Alexandre de Moraes e Flávio Dino pela condenação a 14 anos.
“Se a missionária chora pela ausência da filha de 39 anos, imagine o quão chora a Débora pelos seus dois filhos de 10 e 7 anos de idade. Você, mãe, imagine por dois anos dormir e acordar sem o calor dos seus filhos ao seu lado”, afirmou o ex-presidente, que chamou ao palco a mãe e a irmã de Débora.
Bolsonaro classificou como “absurda” a condenação e questionou: “Eu não tenho objetivo para qualificar quem condena uma mãe, mãe de dois filhos, a uma pena tão absurda, por crime que ela não cometeu”.
Críticas às condenações e ao STF
O ex-presidente ironizou as acusações de golpe de Estado: “Sou psicopata para falar que aquilo que aconteceu no dia 8 de janeiro foi uma tentativa armada de golpe militar”. Ele mencionou condenações recentes: “Eles já formaram maioria para condenar a uma pena absurda pipoqueiro e sorveteiro por golpe de estado armado”.
Em tom crítico ao STF, Bolsonaro chegou a pronunciar em inglês improvisado: “Pop corn and ice cream sellers sentenced for coup d’état in Brazil”, traduzindo em seguida como “sorveteiro e pipoqueiro dando golpe de estado no Brasil”.
“Quem deu o golpe em 2022”
Grande parte do discurso de Bolsonaro foi dedicada a denunciar o que chamou de “golpe” nas eleições de 2022. Segundo ele, a interferência veio através de diversos mecanismos:
- A soltura e descondenaçao de Lula pelo STF
- Censura durante a campanha: “Não pude mostrar durante a propaganda eleitoral o Lula falando que era legal roubar celular”, afirmou
- Resolução “fora do tempo legal” para “perseguir a direita”
- Campanha para jovens tirarem título de eleitor, faixa etária onde “75% vota na esquerda”
O ex-presidente citou uma suposta fala do então ministro Benedito ao ministro Alexandre de Moraes durante a diplomação de Lula, com “microfones abertos”: “Missão dada é missão cumprida”.
Defesa de seu governo e críticas ao atual
Bolsonaro defendeu sua gestão: “O Brasil estava voando, somando a informalidade num pleno emprego. Terminamos 2022 com 54 bilhões em caixa. Criamos o PIX”. Também criticou o governo Lula, afirmando que ele “defende terroristas” e “ditadores como Maduro e Ortega”.
O ex-presidente mencionou a eleição de Donald Trump nos EUA como um fator positivo: “Graças a Deus, Donald Trump se elegeu nos Estados Unidos. Eu só tenho gratidão a ele pelos dois anos que ficamos juntos nas nossas respectivas presidências”.
Temor de prisão e compromisso com a luta
Bolsonaro expressou seu temor de perseguição: “O que eles querem é me prender. Como disse, a semana passada estava aqui a esquerda, querendo me prender por quê?”. Segundo ele, “a grande revolta deles é que levantaram tudo sobre a minha vida e não acharam nada, só desvio de conduta”.
Ele afirmou que está disposto a fazer o sacrifício necessário: “Eu fiz juramento e eu cumpro: defender a minha pátria com o sacrifício da própria vida”. Segundo o ex-presidente, “o que os canalhas querem não é me prender de verdade, eles querem me matar, porque eu sou espinho na garganta deles”.
Bolsonaro encerrou seu discurso com uma mensagem de esperança e compromisso com a luta pela liberdade: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.