
O pastor Silas Malafaia, organizador da manifestação pela anistia aos presos do 8 de janeiro realizada na Avenida Paulista neste domingo (6), fez um contundente discurso onde questionou a narrativa de tentativa de golpe e criticou duramente a atuação do STF, especialmente do ministro Alexandre de Moraes.
A farsa do golpe, segundo Malafaia
Em sua fala, Malafaia construiu uma linha argumentativa para desmontar o que chamou de “farsa do pseudogolpe”. Entre os argumentos apresentados, destacou:
- Que Bolsonaro nomeou, a pedido de Lula, o novo comandante do Exército: “Como é que ele vai dar golpe quando ele nomeia o comandante do exército de quem ele pretende dar golpe?”
- Que a ABIN enviou mais de 30 alertas sobre riscos de manifestações ao governo Lula entre 2 e 8 de janeiro, mas “nenhum alerta fala em golpe”.
- Que Lula não acionou as Forças Armadas: “Se presidente sabe que tem uma ameaça de golpe, ele assina uma GLO [Garantia da Lei e da Ordem] e bota as forças armadas na rua.”
- Que o ministro da Defesa José Múcio e o ministro do STF Gilmar Mendes teriam negado a existência de uma tentativa de golpe.
Críticas ao inquérito e às condenações
Malafaia criticou o inquérito que investiga Bolsonaro, afirmando que o documento usa termos como “possível”, “possibilidade”, “teriam”, “teria” e “hipótese” centenas de vezes: “Nem eles acreditam em golpe.”
O pastor também questionou a proporcionalidade das penas impostas aos condenados pelo 8 de janeiro, citando casos específicos:
- Eliene, estudante de psicologia de 28 anos, que ficou dois anos presa e recentemente foi colocada em prisão domiciliar.
- Geissimara, também de 28 anos, condenada a 14 anos por, segundo Malafaia, ter “ajudado uma pessoa que estava passando mal”.
- Casos de idosos e mulheres condenados a penas longas.
Apelo pela anistia e críticas ao presidente da Câmara
O pastor fez um apelo direto ao presidente da Câmara, Hugo Mota: “O senhor presidente da Câmara disse ‘eu sou o árbitro, eu sou o juiz’, só se for juiz iníquo, porque ele pediu aos líderes partidários para não assinar a urgência do projeto de anistia.”
Malafaia destacou a contradição que vê na posição atual da esquerda sobre anistia: “Esses caras pediram anistia para assassinos, guerrilheiros, assaltante de banco, sequestrador de embaixador. Eles pediram anistia ampla, geral e irrestrita e foi dada. E agora, governo Lula, Rede Globo, Esquerda, contra a anistia.”
Alerta aos ministros do STF
Em tom mais enfático, Malafaia dirigiu-se aos ministros do Supremo Tribunal Federal: “Até quando vocês vão respaldar o ditador da toga, Alexandre de Moraes? Alexandre de Moraes está levando o STF a ser o Supremo Tribunal da Injustiça e da politicagem barata.”
O pastor também expressou preocupação com a possível prisão de Bolsonaro, alertando para possíveis consequências: “Se os senhores prenderem Bolsonaro, o que é que pode acontecer no Brasil? Pode não acontecer nada, mas pode acontecer tudo.”
Malafaia encerrou seu discurso com um apelo religioso por justiça e fazendo referência a um trecho do Hino da Independência: “Independência ou morte! Deus abençoe a todos.”