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O rombo bilionário: estatais federais afundam R$ 6,8 bilhões em 2026

PLDO 2026 revela déficit crescente de R$ 6,8 bilhões em empresas públicas, com Correios liderando prejuízos e contradizendo discurso de equilíbrio fiscal petista

Daniel Ferreira/Metrópoles
Daniel Ferreira/Metrópoles

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva entregou nesta terça-feira (15/4) ao Congresso Nacional o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026, confirmando o que muitos já suspeitavam: as estatais federais continuarão sangrando recursos públicos pelos próximos anos, com um déficit projetado de R$ 6,8 bilhões apenas para o próximo exercício.

A realidade dos números contradiz frontalmente a retórica de “rigor fiscal” e “eficiência estatal” frequentemente alardeada pelo governo petista. O buraco nas contas não apenas persiste como apresenta uma tendência preocupante de crescimento. Em 2024, o déficit já atingiu a marca de R$ 6,7 bilhões, e para 2025 a estimativa é de R$ 6,2 bilhões — valor que, surpreendentemente, volta a subir no ano seguinte e se mantém em patamares alarmantes até 2029.

O cronograma do rombo nas estatais expõe a face oculta da “gestão eficiente” prometida:

  • 2026: – R$ 6,8 bilhões
  • 2027: – R$ 7,1 bilhões
  • 2028: – R$ 6,8 bilhões
  • 2029: – R$ 6,6 bilhões

Esse cenário catastrófico ocorre simultaneamente à promessa do governo de alcançar um superávit primário de 0,25% do PIB para o mesmo período. É o velho e conhecido “discurso para inglês ver”: enquanto se apregoa austeridade com uma mão, com a outra se despeja dinheiro do contribuinte em estruturas deficitárias e anacrônicas.

Correios: o campeão nacional do prejuízo

Se existe uma “campeã” incontestável nesse ranking de ineficiência, ela atende pelo nome de Correios, com um prejuízo monumental de R$ 3,2 bilhões apenas em 2024. Enquanto estatais estratégicas como Petrobras e Banco do Brasil têm seus resultados convenientemente separados das estatísticas para aliviar artificialmente o balanço geral, os Correios seguem como um peso morto nas contas públicas.

A estatal postal é, há anos, alvo de promessas vazias de modernização, mas persiste operando com métodos e estruturas antiquados, como se ainda estivéssemos na década de 1990: ineficiente, inchada e completamente sem competitividade real frente à iniciativa privada. O discurso petista sobre “fortalecer empresas públicas” se traduz, na prática, em sustentar déficits recorrentes sem qualquer plano consistente de reestruturação ou reversão do quadro.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias deveria funcionar como uma bússola para garantir o equilíbrio fiscal, mas na gestão Lula se converteu em mero mapa do caminho para perpetuar um ciclo vicioso de ineficiência generosamente financiada com o suado dinheiro do contribuinte brasileiro. A proposta ainda autoriza aumento de gastos com pessoal, mesmo com o desempenho profundamente negativo das estatais, e projeta metas que já nascem completamente desconectadas da realidade financeira dessas empresas.

Maquiagem contábil não resolve o problema

Ainda que o propagandeado novo arcabouço fiscal teoricamente limite o crescimento real de despesas, o governo segue permitindo que estruturas cronicamente deficitárias consumam recursos públicos sem exigir contrapartidas ou resultados — exatamente o tipo de contradição que corrói a credibilidade da política econômica, especialmente quando se vende a imagem de “responsabilidade com as contas públicas”.

A desculpa esfarrapada de que o resultado primário das estatais exclui os investimentos do PAC e o desempenho de grupos como Petrobras e ENBPar serve apenas para maquiar parcialmente o problema — mas está longe de eliminá-lo. A soma dos déficits projetados para os próximos quatro anos ultrapassa impressionantes R$ 27 bilhões, dinheiro que poderia ser investido em áreas essenciais como saúde, educação e segurança pública.

A pergunta que ecoa e que o governo Lula insiste em ignorar é: quem vai pagar essa conta? A resposta é dolorosamente óbvia: o contribuinte brasileiro, através de uma carga tributária cada vez mais sufocante e serviços públicos cada vez mais precários.

O cenário é ainda mais preocupante quando consideramos que o governo petista abandonou qualquer pretensão de privatizar essas empresas deficitárias, preferindo mantê-las como cabides de emprego e instrumentos de influência política, independentemente do custo para os cofres públicos e para o desenvolvimento do país.

Em um momento em que nações emergentes em todo o mundo buscam eficiência em suas empresas estatais ou as transferem para a iniciativa privada, o Brasil de Lula caminha na contramão, insistindo em um modelo falido de estatismo que já demonstrou, repetidas vezes, ser insustentável e prejudicial ao crescimento econômico.