
O Pantanal enfrenta uma das crises hídricas mais severas já registradas, com 2024 marcando o segundo ano mais seco da história. De acordo com o levantamento do MapBiomas Água, divulgado nesta quarta-feira (26), a região perdeu 61% de sua superfície de água em relação à média histórica iniciada em 1985, sendo o bioma mais afetado do país. Durante todos os meses de 2024, o índice de chuvas ficou abaixo do esperado, agravando ainda mais a situação.
A análise aponta que, no ano passado, o Pantanal apresentou a menor superfície de água entre os biomas brasileiros, totalizando apenas 366 mil hectares, o equivalente a 2% do território. Em 1985, esse percentual era de 10%. A situação se agravou em relação a 2023, com uma redução de 4,1% na área alagada. O fenômeno prejudica o chamado “pulso de inundação”, essencial para a renovação da biodiversidade local. Segundo Eduardo Rosa, do MapBiomas, a prolongada seca tem favorecido o aumento de incêndios e comprometido a fauna e flora pantaneiras, que dependem dos ciclos naturais de cheia para sua sobrevivência.
Dados do Serviço Geológico do Brasil indicam que desde 2020 o Pantanal tem registrado déficits de chuva consecutivos, com anomalias negativas se repetindo em 2021, 2024 e já projetadas para 2025. Como consequência direta, os incêndios florestais atingiram níveis alarmantes. O Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da UFRJ estima que, apenas em 2024, 2,6 milhões de hectares do bioma foram destruídos pelo fogo, quase três vezes mais que o registrado em 2023. Esse é o segundo pior ano da série histórica, atrás apenas de 2020.
O relatório do MapBiomas associa o aumento das queimadas ao impacto da seca severa no país, intensificada pelo fenômeno El Niño entre 2023 e 2024. A baixa umidade tornou a vegetação mais suscetível ao fogo, e o Brasil enfrentou, em 2024, a pior seca dos últimos 70 anos. O alerta é grave: especialistas apontam que, se o atual cenário climático persistir, o Pantanal poderá sofrer danos irreversíveis ao longo das próximas décadas.