Deputado petista atacou corporação durante debate acalorado sobre bloqueio de rodovia pelo MST; parlamentares do PL reagiram com indignação à ofensa contra a instituição

A sessão plenária da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul transformou-se em palco de intenso confronto nesta terça-feira, após o deputado Zeca do PT classificar a Polícia Militar como “droga” durante debate sobre protestos do MST. A declaração provocou reação imediata de parlamentares da base governista, especialmente do Coronel David (PL), que protocolava moção de repúdio contra o bloqueio da BR-060 realizado por integrantes do movimento.
“Não vou admitir, senhor Presidente, que já foi governador, se refira à Polícia Militar como droga. Droga é esse partido que ele representa aqui. Eu não admito, não admito que venha uma pessoa aqui e dizer que a instituição da Polícia Militar é uma droga, droga é o senhor”, rebateu o Coronel David, visivelmente indignado com a fala do petista.
O clima de tensão começou quando o deputado do PL anunciou que protocolaria uma moção de repúdio ao MST pela interdição da rodovia federal próximo a Sidrolândia. “Em breve entregarei à mesa diretora uma nota de repúdio. Que faremos contra o movimento dos trabalhadores sem terras que ontem bloquearam a rodovia 060, causando transtornos de toda ordem. Esta ação criminosa, senhor presidente, ela representa uma violação frontal ao direito constitucional de ir e vir assegurado a todos os brasileiros”, declarou.
Durante seu pronunciamento, Coronel David destacou o contraste ideológico entre os parlamentares: “É uma diferença danada da direita com a esquerda aqui nessa casa. Enquanto a gente faz uma moção de repúdio ao Movimento Sem Terra, que é movimento criminoso, o PT vem aqui apresentar uma moção de repúdio contra a Polícia Militar que tanto faz pela segurança do cidadão aqui do Mato Grosso do Sul”.
A fala do deputado do PL recebeu apoio imediato de vários parlamentares, incluindo João Henrique, Neno Razuk, Marcio Fernandes e Pedrossian Neto, que solicitaram assinar conjuntamente a moção. Essa manifestação de solidariedade irritou a bancada petista, composta por Pedro Kemp, Gleice Jane e Zeca do PT, que reagiram com gritos e tentativas de obstrução.
Foi nesse momento que o ex-governador Zeca do PT fez a polêmica declaração: “Pra dizer pra ele que esse negócio de legalidade é lero, é balela. Ficaram 4 meses acampado lá fazendo baderna, fazendeiro, todo mundo sabe quem, levando carne, fazendo churrascada, inchando o saco da população, querendo golpe de estado, e a droga é a droga, a droga da polícia fez absolutamente nada porque não tinha ordem”, afirmou o petista, tentando fazer uma comparação com os acampamentos bolsonaristas após as eleições de 2022.
Além da moção de repúdio, Coronel David propôs uma solução mais enérgica para futuras obstruções: “Vou mandar uma manifestação, ofício, que em casos de bloqueio em rodovia federal, onde não há competência legal da Polícia Militar em agir para fazer o desbloqueio, que seja permitido pelo DNIT, pela Polícia Rodoviária Federal, essa possibilidade de atuação do Batalhão de Choque”, explicou. Segundo ele, isso permitiria resolver rapidamente situações como a ocorrida na BR-060: “Esse bloqueio que ontem durou várias horas, a Polícia Militar através do Batalhão de Choque acabaria em 5 minutos”.
O episódio evidencia a crescente polarização no legislativo sul-mato-grossense, com claras divisões entre defensores da ordem pública e aqueles que apoiam movimentos como o MST, frequentemente associados a invasões de propriedades e bloqueios de vias.