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PF indicia ex-assessor do TSE por vazamento de mensagens envolvendo Moraes

Ex-funcionário do tribunal teria repassado informações que revelam possível uso irregular da estrutura eleitoral para perseguir bolsonaristas

Foto: Reprodução Instagram
Foto: Reprodução Instagram

A Polícia Federal concluiu o indiciamento de Eduardo Tagliaferro, que comandava a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pelo crime de violação de sigilo funcional com prejuízo à administração pública. O caso gira em torno da divulgação de conversas atribuídas ao ministro Alexandre de Moraes que caíram nas páginas dos jornais, evidenciando o possível uso indevido da máquina do TSE para investigar e perseguir apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

De acordo com o relatório conclusivo da PF, Tagliaferro teria, “de forma consciente e voluntária”, compartilhado dados confidenciais obtidos durante seu trabalho na AEED com um profissional de imprensa. As autoridades afirmam que procedimentos investigativos autorizados pela justiça — incluindo acesso a comunicações privadas e depoimentos — permitiram estabelecer a autoria “de maneira irrefutável”.

“Constata-se a materialidade do crime de violação de sigilo funcional com dano à administração pública”, destaca o documento policial, que seguirá para análise da Procuradoria-Geral da República (PGR). O órgão ministerial agora avaliará se há elementos suficientes para formalizar uma acusação perante o Judiciário.

Quando prestou esclarecimentos à PF no ano anterior, Tagliaferro rejeitou qualquer participação no vazamento e alegou que o telefone celular onde estariam armazenados os dados foi confiscado em 2023, após ser detido por violência doméstica, e devolvido posteriormente em estado questionável. Em sua versão, o dispositivo foi entregue sem lacre e apresentava indícios de manipulação de informações.

O conteúdo das mensagens vazadas sugere um comportamento preocupante: o ministro Alexandre de Moraes, que também presidia o TSE no período, aparentemente requisitava informes a servidores da corte eleitoral para fundamentar decisões contra aliados de Bolsonaro, ignorando os canais oficiais e procedimentos regulamentares do inquérito em curso.