O vereador e pastor Neto Santos (Republicanos) protocolou um projeto de lei na Câmara Municipal de Campo Grande com o intuito de tornar a cultura evangélica um patrimônio imaterial e cultural da Capital. A proposta, que leva o número de Projeto de Lei 11.733/25, visa reconhecer a importância histórica e social das manifestações evangélicas no contexto local, destacando a contribuição dessa comunidade para o desenvolvimento cultural e social da cidade.
A justificativa do projeto, apresentada por Neto Santos, destaca que a cultura evangélica tem expressões e manifestações significativas, muitas vezes invisíveis no cenário cultural da cidade. O projeto busca garantir que aspectos como as formas de expressão artística, as produções musicais e literárias, além dos bens materiais que representam símbolos históricos para a comunidade, sejam preservados e reconhecidos oficialmente. De acordo com o texto da proposta, a ideia é abranger: as formas de expressão e manifestações culturais relacionadas à fé evangélica; os modos de vida e práticas que caracterizam a vivência dessa comunidade; as produções artísticas que se conectam com a cultura evangélica; e, por fim, os bens materiais que possuem valor simbólico e histórico para essa comunidade.
Neto Santos, que é pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, explicou que a proposta não só visa preservar a memória cultural, mas também valorizar uma parte significativa da população de Campo Grande, composta por cristãos evangélicos. O vereador pontuou que a cidade não possui um calendário cultural de eventos que contemple esse público, a não ser a já tradicional Marcha para Jesus. Em entrevista, ele ressaltou que a cultura evangélica tem uma presença importante na cidade, mas que carece de reconhecimento e inclusão em iniciativas culturais oficiais. Segundo Neto Santos, a falta de ações voltadas para o público cristão evangélico limita a oferta de opções de lazer, cultura e turismo para essa população.
“Hoje, quando falamos de cultura em Campo Grande, não há nada direcionado para o público cristão. Então, ao incluir a cultura evangélica no calendário, podemos trazer mais eventos para esse público, mais opções de entretenimento e até estimular o turismo, com bandas e participantes de outras cidades. Campo Grande precisa demonstrar que pensa em todos os seus cidadãos, incluindo os cristãos”, afirmou o vereador.
Esse projeto de Neto Santos se insere em um movimento crescente de fortalecimento da bancada evangélica na Câmara Municipal de Campo Grande. Com uma presença mais significativa de pastores em cargos de liderança, a bancada evangélica tem conquistado maior protagonismo no Legislativo local, refletindo um fenômeno semelhante no Congresso Nacional, onde a bancada evangélica ocupa posições de destaque tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado.
Em Campo Grande, a presidência da Mesa Diretora está sob responsabilidade do vereador e pastor Epaminondas Vicente Silva Neto, o Papy (PSDB), e a liderança da Comissão Permanente de Legislação, Justiça e Redação Final é de responsabilidade do vereador e pastor Clodoilson Pires (PODE). Essas movimentações mostram que os evangélicos têm ocupado espaços de poder e influência no legislativo da Capital.
No caso de Neto Santos, embora ainda não ocupe cargos de liderança nas comissões, ele tem se destacado com proposições voltadas para a comunidade evangélica. Além do projeto que visa reconhecer a cultura evangélica como patrimônio, o vereador também foi responsável por colocar em pauta a criação do Dia Municipal da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), a ser comemorado no dia 9 de julho, em homenagem ao trabalho espiritual e social realizado pela igreja na cidade.
Outro vereador do Republicanos, Herculano Borges, também pastor da Igreja FIT (Fé Invadindo a Terra), tem se destacado na Câmara Municipal. Ele é presidente da Comissão Permanente de Proteção dos Direitos da Criança e do Adolescente e atua ativamente em várias outras comissões, como Educação, Desporto, Indústria, Comércio e Turismo e Transporte e Trânsito. O trabalho dos dois vereadores do Republicanos ilustra o crescente espaço conquistado pela bancada evangélica no município, que agora busca fortalecer ainda mais sua presença e seu impacto na vida cultural, social e política de Campo Grande.
O projeto de Neto Santos reflete, portanto, um movimento mais amplo de valorização e reconhecimento da cultura evangélica e da contribuição dos evangélicos para a sociedade, tanto em Campo Grande quanto no Brasil. Caso aprovado, o projeto não apenas garantirá o reconhecimento das manifestações culturais evangélicas, mas também abrirá portas para que eventos culturais voltados para esse público sejam mais frequentes e diversificados, além de fomentar o turismo e a economia local.
