
A pressão dentro do Partido Progressistas (PP) tem crescido para que a sigla se desvincule do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A senadora Tereza Cristina, representante do Mato Grosso do Sul e líder da legenda no Senado, está alinhada com o presidente nacional do partido, Ciro Nogueira, na defesa do rompimento com a atual gestão petista. Ambos querem que o ministro do Esporte, André Fufuca, entregue o cargo e que o PP abandone qualquer participação na administração federal.
Em entrevista ao Correio do Estado, a parlamentar afirmou que o descontentamento dentro do partido aumentou nos últimos dias, reforçando a necessidade de uma posição firme contra a permanência de Fufuca no governo. “Endosso totalmente a posição de Ciro Nogueira. Na verdade, o PP nunca deveria ter aceitado integrar esse governo. Defendo que devemos sair o quanto antes”, declarou. A expectativa é de que a cúpula nacional pressione o ministro a deixar o cargo e formalize o afastamento do partido da base governista.
Ciro Nogueira compartilha do mesmo entendimento e já manifestou sua insatisfação em entrevistas à imprensa. Para ele, a presença de Fufuca no ministério jamais deveria ter acontecido. “Não vejo sentido em prolongar essa decisão”, enfatizou. O descontentamento não se limita ao PP: líderes de partidos do Centrão e de outras legendas de centro e centro-direita também demonstram incômodo com as mudanças promovidas pelo governo, que têm priorizado nomes do PT em cargos estratégicos. A queda na popularidade de Lula reforça esse cenário de incerteza entre os aliados.
O Palácio do Planalto, ciente das movimentações, já detectou insatisfação dentro de outras legendas do Centrão, como MDB, PSD, União Brasil e Republicanos. Diante desse cenário, a estratégia do governo será intensificar o diálogo para minimizar o desgaste e evitar debandadas. No entanto, Ciro Nogueira reitera que o PP nunca esteve, de fato, alinhado com o governo petista. “Não se trata de sair, pois nunca entramos de verdade. A situação tem gerado desconforto dentro da bancada, e há uma pressão crescente para que tomemos uma decisão definitiva”, afirmou.
A participação do PP no governo, segundo aliados, foi articulada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, para fortalecer parlamentares do Centrão próximos ao Planalto. A nomeação de Fufuca para o Ministério do Esporte e a indicação de Carlos Antônio Vieira para a presidência da Caixa Econômica Federal são reflexos desse acordo. No entanto, Nogueira busca consolidar sua posição política e fortalecer sua aliança com o ex-presidente Jair Bolsonaro, com quem esteve recentemente em Angra dos Reis.
Ex-ministro da Casa Civil no governo Bolsonaro, Ciro Nogueira é visto como um dos principais nomes da oposição e pode estar se movimentando para futuros projetos políticos, como a reeleição ao Senado em 2026 ou até mesmo uma eventual candidatura a vice-presidente em uma chapa oposicionista. A migração do secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, do PL para o PP, com aval de Bolsonaro, reforça essa estratégia. Derrite, que já pertenceu ao PP e atualmente ocupa um cargo estratégico no governo de Tarcísio de Freitas, poderá disputar uma vaga no Senado em 2026, fortalecendo ainda mais o grupo político ligado ao ex-presidente.