
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, determinou nesta segunda-feira (3) a suspensão de toda a assistência militar destinada à Ucrânia. A decisão ocorreu poucos dias depois de um desentendimento entre Trump e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, durante um encontro na Casa Branca.
Segundo um integrante do governo americano, em declaração à Associated Press, o congelamento da ajuda permanecerá até que Zelensky demonstre disposição para negociar um acordo de paz com Vladimir Putin, líder da Rússia. O mesmo funcionário explicou que a medida faz parte de uma “reavaliação” para entender se a assistência a Kiev de fato contribui para avançar em direção a uma solução para o conflito.
A agência Bloomberg informou que todo o equipamento militar americano destinado à Ucrânia foi retido, incluindo armamentos que estavam em trânsito.
Decisão foi tomada após reunião com secretários
De acordo com o Washington Post, a suspensão do apoio militar foi definida em uma reunião realizada na Casa Branca nesta segunda-feira. Entre os participantes estavam o secretário de Estado, Marco Rubio, o vice-presidente J.D. Vance, o secretário de Defesa, Pete Hegseth, a diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, e o enviado para o Oriente Médio, Steve Witkoff.
A decisão também está alinhada à determinação do secretário de Defesa da semana passada, que ordenou a suspensão das operações ofensivas de informação e ataques cibernéticos contra a Rússia enquanto houver negociações para encerrar a guerra.
No mesmo dia da reunião, Trump criticou publicamente Zelensky, afirmando que o presidente ucraniano deveria “valorizar mais” o apoio financeiro e militar concedido por Washington ao longo dos três anos de conflito. O republicano acusou Zelensky de evitar um acordo que pudesse encerrar a guerra.
— Se uma pessoa não quer negociar a paz, ela não permanecerá em evidência por muito tempo. O povo ucraniano deseja um acordo, pois sofreu mais do que qualquer outro — afirmou Trump.
Horas depois, o presidente americano voltou a criticar Zelensky, rebatendo a declaração do ucraniano de que a guerra estava “longe de terminar”.
Discussão acalorada entre os líderes
O desentendimento entre Trump e Zelensky teve início na sexta-feira (28), durante um encontro no Salão Oval da Casa Branca. O debate acalorado girou em torno das condições para um possível acordo de paz entre Ucrânia e Rússia. Trump defendeu que Kiev aceitasse concessões, enquanto Zelensky rejeitou qualquer possibilidade de “condescendência” com Putin, a quem chamou de “assassino”. O ucraniano chegou a exibir imagens da destruição causada pela invasão russa.
O vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, tentou intervir na discussão, argumentando que a diplomacia deveria ser priorizada. No entanto, o clima permaneceu tenso, culminando na decisão de Trump de suspender a assistência militar.
Após o encontro conturbado, Trump fez uma postagem no Truth Social reforçando que Zelensky não estava disposto a um acordo que envolvesse a participação dos EUA.
— Tivemos uma reunião muito significativa na Casa Branca hoje. Aprendemos muito que jamais poderia ser compreendido sem uma conversa sob tanta pressão — escreveu Trump em sua rede social.
Zelensky havia viajado a Washington para assinar um acordo que permitiria aos EUA explorar terras raras da Ucrânia. No entanto, após o embate com Trump, o acordo foi cancelado, e o líder ucraniano foi expulso da Casa Branca.