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Senadora revela resistência de lideranças do União Brasil à criação de “superfederação” com PP

Tereza Cristina afirma que em MS a situação está tranquila, mas estados como Goiás e Bahia travam o acordo nacional

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

A formação da aguardada “superfederação” entre o PP e o União Brasil encontra-se praticamente paralisada devido à resistência de importantes lideranças regionais do União Brasil. A informação foi revelada com exclusividade pela senadora Tereza Cristina (PP), líder do partido no Senado, durante entrevista concedida nesta sexta-feira ao Correio do Estado na 85ª Expogrande, em Campo Grande.

Apesar da aprovação inicial da federação pelo PP em 18 de março, com participação da própria senadora, do deputado federal Dr. Luiz Ovando e do diretor-tesoureiro do PP em Mato Grosso do Sul, Marco Aurélio Santullo, o processo estagnou nas semanas seguintes. Parlamentares federais e dirigentes estaduais do União Brasil ainda não oficializaram a união que formaria a maior bancada da Câmara dos Deputados, com impressionantes 109 deputados federais, e a terceira maior do Senado, com 13 senadores.

“A federação está parada. Tenho conversado com o senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, sobre essa situação, e ele falou que está esperando o União Brasil. Ficou claro que deu chabu com o União Brasil, pois, em alguns estados, o partido está tendo dificuldades para alinhar a federação. Aqui está tudo tranquilo”, explicou Tereza Cristina.

Segundo a senadora, os principais entraves vêm de estados como Goiás, reduto do governador Ronaldo Caiado, da Bahia, base eleitoral de ACM Neto, e também da Paraíba. Apesar das dificuldades, Tereza acredita que a federação acabará se concretizando, mas estabelece um prazo limite: “O deadline, na minha opinião, tem de ser agora. Talvez não no mês de maio, mas até junho, com certeza”.

Poder político e financeiro

A formação desta “superfederação” representaria um ganho substancial de poder político e financeiro para ambas as legendas. Unidos, PP e União Brasil teriam direito ao maior repasse do Fundo Eleitoral para as eleições de 2026, estimado em mais de R$ 1 bilhão, além do maior tempo de propaganda em rádio e televisão.

O modelo de federação, que obriga os partidos a atuarem como uma única sigla por pelo menos quatro anos, foi escolhido estrategicamente. Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, já havia revelado em março que as negociações estavam em curso desde o ano passado. A aliança estabelece que deve haver um alinhamento nas campanhas, com a definição conjunta de candidaturas.

Estratégia em Mato Grosso do Sul

Em Mato Grosso do Sul, a “superfederação” já tem planos definidos para 2026: lançará chapa única com um candidato ao Senado, nove candidatos a deputado federal (três mulheres e seis homens) e 25 candidatos a deputado estadual (nove mulheres e 16 homens).

A reportagem apurou que existe uma articulação para aliança com o Republicanos, que também poderá lançar um candidato ao Senado, já que haverá duas vagas em disputa. Quanto ao governo estadual, há consenso entre PP e União Brasil para apoiar a reeleição do governador Eduardo Riedel (PSDB).

A decisão por candidatura única segue a Resolução nº 23.670 do TSE, que estabelece as mesmas garantias às agremiações no que diz respeito às eleições, incluindo a quantidade mínima e máxima de candidatos e a obrigatoriedade de atender a cota de gênero para eleições proporcionais.

Ficou acertado que o comando da “superfederação” em Mato Grosso do Sul ficará com o PP, assim como em outros oito estados, enquanto o União Brasil comandará em nove unidades da federação. No estado, a federação já nasceria com força considerável: um senador, um deputado federal, três deputados estaduais, 18 prefeitos, 24 vice-prefeitos e 207 vereadores, embora ainda permanecesse atrás do PSDB, que mantém a posição de maior partido de Mato Grosso do Sul.

Com informações do Correio do Estado