
O Brasil registrou um déficit de US$ 323 milhões na balança comercial em fevereiro, o pior resultado para o mês desde 2015. O dado surpreendeu o mercado financeiro, que projetava um superávit de US$ 1,9 bilhão. A principal razão para o resultado negativo foi a forte queda de 6,7% nas exportações, que totalizaram US$ 22,92 bilhões, enquanto as importações dispararam 21,3%, chegando a US$ 23,52 bilhões.
Mesmo com esse resultado, o saldo comercial acumulado em 2024 ainda é positivo, com um superávit de US$ 1,934 bilhão. No entanto, esse valor representa uma queda expressiva de 82,9% em relação ao mesmo período do ano passado, acendendo um alerta para o desempenho econômico do país.
A maior contribuição para o déficit veio da queda acentuada das exportações para a Ásia, região que historicamente tem sido o principal destino dos produtos brasileiros. As vendas para China, Hong Kong e Macau despencaram 21,12% na comparação com fevereiro de 2023, enquanto as exportações totais para o continente caíram 14,11%. O declínio nas vendas para a Ásia contrastou com o aumento das exportações para outros mercados, como América do Norte (+20%), América do Sul (+19,03%) e Europa (+7,93%).
Se por um lado o Brasil vendeu menos para a Ásia, por outro, as importações vindas da região dispararam. O volume de compras subiu 58% no total, com destaque para China, Hong Kong e Macau, de onde o Brasil importou 76,8% a mais do que no mesmo mês de 2023. Esse desequilíbrio comercial evidencia a dependência crescente de insumos asiáticos e pode sinalizar uma vulnerabilidade econômica preocupante.
O diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Herlon Brandão, apontou que um fator pontual influenciou negativamente o resultado de fevereiro: a compra de uma plataforma de extração de petróleo no valor de US$ 2,7 bilhões. Sem essa aquisição, o saldo comercial teria registrado um superávit de US$ 2,4 bilhões no mês.
O fraco desempenho da balança comercial reforça os desafios que o Brasil enfrenta na economia global, especialmente diante da forte concorrência asiática e da oscilação dos preços das commodities. Para equilibrar a situação, será fundamental ampliar e diversificar os destinos das exportações, bem como reduzir a dependência de importações de setores estratégicos.