O deputado federal André Janones (Avante-MG), que sempre se apresentou como um “paladino da moralidade”, agora se vê no centro de um escândalo. Investigado pela prática de rachadinha em seu gabinete, Janones fechou um acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR) para devolver R$ 131,5 mil aos cofres públicos. Além do ressarcimento, ele ainda terá que pagar uma multa adicional de R$ 26,3 mil, totalizando R$ 157,8 mil.
O acordo, chamado de Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), foi homologado e permitiu que o parlamentar escapasse de um processo criminal, desde que cumpra algumas condições. O pagamento do montante será feito em duas partes: R$ 80 mil em parcela única, a ser quitada em até 30 dias após a homologação, e os outros R$ 77,8 mil divididos em 12 parcelas mensais de R$ 6.484,48.
As condições do acordo incluem o compromisso de Janones de cessar qualquer envolvimento em esquemas semelhantes, não cometer novos crimes ou contravenções até o fim do cumprimento do acordo e declarar que não firmou acordos parecidos nos últimos cinco anos nem responde a outros processos criminais.
O escândalo veio à tona após ex-assessores denunciarem à Polícia Federal que eram obrigados a devolver parte de seus salários ao deputado. O caso ganhou ainda mais força depois da divulgação de um áudio de 2019, no qual o próprio Janones admite a prática da rachadinha como forma de quitar dívidas de sua campanha municipal de 2016.
A postura do parlamentar, que sempre atacou adversários políticos com discurso moralista, agora se mostra completamente contraditória. O mesmo Janones que apontava o dedo para os outros, acusando-os de corrupção, foi flagrado praticando exatamente aquilo que condenava. O acordo com a PGR, embora não o livre da exposição, impede que ele seja processado criminalmente, um privilégio que muitos brasileiros jamais teriam.
Diante disso, fica a pergunta: um político que confessa um esquema de rachadinha, se compromete a devolver dinheiro desviado e paga uma multa para escapar de um processo criminal ainda tem credibilidade para seguir na vida pública? A situação de Janones expõe mais uma vez a hipocrisia de certos setores da política, que se vendem como combatentes da corrupção, mas, nos bastidores, perpetuam as práticas que tanto criticam.
