
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, escolheu o petista Mozart Sales para assumir a Secretaria de Atenção Especializada à Saúde (Saes), setor estratégico responsável pela gestão de um orçamento bilionário. A nomeação, no entanto, reacendeu questionamentos sobre o histórico do novo secretário, que já foi alvo de investigações da Polícia Federal (PF) e esteve envolvido em articulações políticas controversas.
Médico e ex-vereador do Recife, Sales é um dos principais aliados de Padilha dentro do PT e teve participação central na criação do programa Mais Médicos. Mais recentemente, ocupou cargo na Secretaria de Relações Institucionais do governo Lula. Sua nomeação reforça o domínio petista sobre o Ministério da Saúde, especialmente no controle de recursos destinados a hospitais filantrópicos e ao Plano Nacional de Redução de Filas. A escolha, no entanto, gerou reações contrárias da oposição e de setores que cobram mais transparência na gestão pública.
Em 2015, Sales foi alvo da Operação Pulso, que investigou fraudes em licitações e desvio de recursos da Hemobrás, estatal responsável por hemoderivados. A operação ficou marcada por flagrantes de dinheiro sendo descartado pela janela durante a ação da PF. Embora não tenha sido formalmente indiciado, Sales perdeu seu cargo no governo Dilma Rousseff após o escândalo. Além desse episódio, também pesam sobre ele denúncias de favorecimento político na liberação de verbas da Saúde. Segundo o portal UOL, em um ano e meio, o petista realizou 76 visitas ao ministério, mas apenas 15 foram registradas oficialmente. O direcionamento desses recursos para aliados do governo sem critérios técnicos levantou suspeitas sobre a transparência da gestão.
Diante do desgaste político do governo e da pressão do Centrão por mais espaço, a nomeação de Sales pode se tornar mais um problema para Alexandre Padilha e o Palácio do Planalto. A recente reorganização interna do Ministério da Saúde, que também envolveu a promoção de Adriano Massuda a secretário-executivo, evidencia o fortalecimento da influência petista dentro da pasta, deixando claro que o critério político segue pesando nas decisões estratégicas do governo Lula.