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Deputado Lídio Lopes defende cancelamento da concessão da BR-163 e denuncia estagnação das obras

Lidio Lopes - Foto - Izaias Medeiros
Lidio Lopes – Foto – Izaias Medeiros

Na audiência pública sobre a BR-163 realizada na Câmara Municipal de Campo Grande, o deputado estadual Lídio Lopes (sem partido) fez um contundente pronunciamento criticando a CCR MSVia e defendendo o cancelamento da concessão da rodovia.

Com uma fala que resgatou memórias pessoais e a evolução histórica do estado, Lídio Lopes apresentou um panorama da situação da infraestrutura viária em Mato Grosso do Sul, contrastando com os avanços observados em outros estados brasileiros.

Da floresta ao asfalto: 45 anos de espera

O parlamentar iniciou seu discurso relembrando sua primeira viagem a Campo Grande, por volta de 1975, quando veio de Batayporã e conheceu asfalto apenas em Dourados. “Nós vimos de Batayporã pelo Rio Brilhante e até Dourados. Até Rio Brilhante, era somente floresta dos lados, parecia um túnel no meio da estrada”, recordou.

Lídio destacou que dos anos 1980 para cá, o estado começou a ver asfalto e desenvolvimento, mas 45 anos depois, o cenário continua praticamente o mesmo em muitos aspectos. “Por quê? Porque sendo estado simples, é pra dar razão à Mara Caseiro”, afirmou, referindo-se à deputada que também participava da audiência.

Prejuízos ao deslocamento

Um ponto destacado pelo deputado foi o aumento no tempo de viagem entre Dourados e Campo Grande após a concessão. “Eu me lembro que uns 2-3 anos e 8 meses atrás, porque eu trabalhava em Campo Grande e morava em Dourados, eu vinha toda sexta-feira e voltava segunda de madrugada. Levava duas horas, duas horas e vinte para ir para Dourados”, relatou.

“Trecho que hoje, com a concessão e com algumas pequenas partes duplicadas, nós levamos de três horas a três horas e meia. Perde a viagem, não adianta programar, você não consegue fazer menos tempo com uma estrada totalmente travada”, criticou Lídio Lopes.

Contorno viário de Campo Grande: um problema crônico

O deputado também abordou os problemas do contorno viário de Campo Grande, lembrando que a cidade cresceu e hoje bairros nobres e condomínios fechados estão localizados onde o contorno passa. “Vocês imaginam, hoje, do trevo da UFMS até você atingir o trevo de Sidrolândia são 32 quilômetros, e você não consegue fazer o contorno de Campo Grande em menos de 40 minutos, engarrafado atrás de carreta”, denunciou.

Para Lídio, a concessionária deveria retirar esse contorno viário de dentro de Campo Grande, mas “uma empresa que veio e que manda no estado de Mato Grosso do Sul, infelizmente manda na nossa rodovia, e nós não podemos fazer nada como parlamentares estaduais, como vereadores”.

Comparação com outros estados

Declarando-se “extremamente bairrista”, Lídio Lopes afirmou sentir “uma certa inveja boa” ao percorrer estados como São Paulo e Paraná, com estradas duplicadas, ou ao observar o trecho de Sonora a Cuiabá totalmente duplicado.

“Quando você vem para Mato Grosso do Sul, é uma lástima. Essa estrada aqui, com muita dificuldade para implantar os pedágios, eles duplicaram 10% e foram brigando os pedacinhos”, criticou.

O deputado mencionou obras de infraestrutura complexas realizadas em outros estados, como pontes com mais de 100 metros de altura de pilares no litoral de São Paulo, contrastando com a situação de Mato Grosso do Sul, “totalmente plano e uma concessionária que não consegue duplicar e pega o nosso dinheiro aqui para levar para outros estados”.

Proposta de cancelamento da concessão

Como solução, Lídio Lopes defendeu o cancelamento da concessão: “Eu acho que nós temos que judicializar isso. Cancelar essa licitação e, se for preciso, vamos esperar mais quatro, seis anos”, afirmou.

“Esperei 45 anos, mudou muito pouco. Esperar seis anos não faz diferença. Nesses 10 anos nós estamos pagando pedágio aqui no estado, estradas travadas, sem serem duplicadas”, argumentou o parlamentar.

Para Lídio, o problema está na lógica de investimento da concessionária: “Se você é investidor, invista, porque você tem 30 anos para receber. Ao contrário, eles querem receber para depois investir”, criticou. “Por isso nós não podemos mais deixar a concessionária ficar aqui mandando no nosso estado”, concluiu.