Pesquisa Datafolha revela que 58% da população percebe aumento da violência em suas cidades

O sentimento de que a violência urbana está fora de controle domina o cenário nacional. Levantamento realizado pelo Instituto Datafolha revelou que 58% dos brasileiros acreditam que a criminalidade aumentou em suas cidades nos últimos doze meses. Os dados, divulgados no sábado (12), espelham uma realidade alarmante que atravessa todas as camadas sociais do país.
A percepção de deterioração da segurança pública é generalizada, predominando entre homens, mulheres, jovens, idosos e pessoas de diferentes condições financeiras e preferências políticas. Especialistas têm apontado que o fortalecimento das organizações criminosas e a escalada nos roubos de aparelhos celulares intensificam o sentimento de vulnerabilidade entre os cidadãos.
O estudo, conduzido entre 1º e 3 de abril de 2025, consultou 3.054 pessoas acima de 16 anos em 172 municípios brasileiros. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Os números do Datafolha indicam ainda que um quarto dos entrevistados (25%) não percebeu mudanças no panorama da criminalidade, enquanto apenas 15% acreditam que houve redução nos índices.
A sensação de insegurança é ainda mais acentuada entre mulheres, habitantes das capitais, regiões metropolitanas e da região Sudeste. Nas áreas metropolitanas, 66% dos moradores apontam o avanço da criminalidade, contra 51% nas cidades interioranas.
Na distribuição por gênero, 52% dos homens observam aumento na criminalidade, com 19% relatando diminuição. Entre as mulheres, os números são ainda mais preocupantes: 62% indicam alta e apenas 12% mencionam queda.
A análise por faixa de renda revela que 64% dos brasileiros com ganhos superiores a dez salários mínimos constatam elevação da criminalidade, contra apenas 12% que percebem redução. Neste segmento, a margem de erro é de oito pontos percentuais.
Entre os que recebem menos de dois salários mínimos, 59% relatam piora na situação, enquanto 16% observam diminuição do problema, com margem de erro de três pontos. Na faixa intermediária (cinco a dez salários mínimos), metade dos entrevistados avalia que a criminalidade piorou, 31% não notam alterações e 16% percebem melhora, com margem de erro de cinco pontos.
Quando o foco se estreita para os bairros de residência, 44% dos participantes afirmam que a criminalidade cresceu em sua vizinhança, 38% não notam alterações e 19% registram melhora.
Segundo análises de especialistas, o aumento na percepção de insegurança está diretamente relacionado à crescente onda de roubos de aparelhos celulares. Os dispositivos se tornaram alvos preferenciais dos criminosos por funcionarem como verdadeiras agências bancárias portáteis.
Com os smartphones, criminosos conseguem realizar transferências via Pix ou aplicativos bancários, maximizando seus ganhos ilícitos. Diferentemente dos homicídios, que ocorrem predominantemente nas periferias, roubos e furtos se espalham também por bairros nobres e de classe média, ampliando o contingente de cidadãos atemorizados.
Na capital paulista, os últimos meses registraram uma escalada de crimes violentos – incluindo latrocínios – em regiões de alto padrão, como Pinheiros. A Secretaria da Segurança Pública afirma estar reforçando o contingente policial, reorientando o patrulhamento conforme os índices criminais e ampliando recursos para investigação.