Lula teria dito a pessoas próximas que a sul-mato-grossense será a próxima exonerada, e escolher nome evangélico para tentar se aproximar do eleitorado cristão

Após a demissão da ministra da Saúde, Nísia Trindade, e do retorno da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ao governo, o presidente Lula (PT) já teria indicado a interlocutores que a próxima a deixar o cargo será Aparecida Gonçalves, ministra das Mulheres. A decisão estaria sendo motivada por uma série de denúncias de assédio dentro da pasta e pela existência de processos contra ela na Comissão de Ética da Presidência da República, fatores que agravam ainda mais a crise na gestão petista.
Além das acusações que pesam contra Cida Gonçalves, um outro fator teria selado seu destino no governo. Áudios divulgados pelo Estadão revelam que a ministra demonstrou insatisfação por ser frequentemente acionada por Lula, pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, e até mesmo pela primeira-dama, Janja da Silva. A revelação causou mal-estar no Palácio do Planalto e aumentou a pressão pela sua saída. Segundo fontes próximas ao governo, Lula já teria tomado a decisão de demiti-la, restando apenas a definição de quem assumirá o comando da pasta.
Nos bastidores, circulam alguns nomes cotados para substituir Cida Gonçalves. A senadora Teresa Leitão (PT-PE) aparece como uma das principais opções, mas há também a possibilidade de a vaga ser ocupada por Luciana Santos, atual ministra da Ciência e Tecnologia, que tem sua permanência na Esplanada ameaçada devido a questionamentos sobre sua gestão.
No entanto, Lula também cogita indicar uma mulher evangélica para o cargo, em uma tentativa de ampliar o apoio do governo junto ao segmento cristão. Essa estratégia faz parte de um esforço maior do petista para se aproximar de um eleitorado que, majoritariamente, apoiou Jair Bolsonaro (PL) nas últimas eleições. A relação de Lula com os evangélicos tem sido marcada por desconfiança e resistência, especialmente após medidas impopulares do governo e declarações polêmicas de seus aliados sobre religião.
Diante desse cenário, a eventual saída de Cida Gonçalves reforça a crise interna que o governo enfrenta e a dificuldade do PT em administrar sua base política. Com popularidade em queda e enfrentando desafios econômicos e institucionais, Lula segue promovendo mudanças na equipe ministerial para tentar conter o desgaste e reverter a perda de apoio. Ainda assim, resta saber se as trocas de ministros serão suficientes para recuperar a confiança da população e garantir estabilidade ao governo.