Governador mineiro comunica decisão a Bolsonaro e recebe apoio para ampliar campo da direita em 2026

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), definiu a data para lançar oficialmente sua pré-candidatura à Presidência da República. Conforme anunciou o partido Novo nesta segunda-feira, 21 de julho, o evento acontecerá no dia 16 de agosto, na capital paulista, marcando formalmente a entrada do mineiro na corrida pelo Palácio do Planalto.
A decisão de Zema ganhou contornos estratégicos após reunião prévia com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quando o governador comunicou pessoalmente sua intenção de disputar a eleição presidencial de 2026. O encontro revelou-se positivo para ambos os lados, com Bolsonaro demonstrando receptividade à candidatura mineira e enxergando vantagens na ampliação do espectro conservador no primeiro turno.
Bolsonaro aprova estratégia de múltiplos candidatos
A reação favorável do líder da direita brasileira à candidatura de Zema sinaliza uma mudança de estratégia no campo conservador. Diferentemente de eleições anteriores, quando se buscava um candidato único para evitar divisão de votos, Bolsonaro agora considera benéfica a presença de múltiplos nomes alinhados ideologicamente na disputa inicial.
Esta postura sugere confiança na capacidade de mobilização do eleitorado de direita e na possibilidade de que diferentes perfis conservadores possam atrair segmentos específicos do eleitorado, ampliando assim a base de apoio geral do campo político.
Trajetória mineira inspira projeto nacional
O presidente nacional do Novo, Eduardo Ribeiro, destacou a transformação que Zema promoveu em Minas Gerais como principal argumento para sua viabilidade presidencial. “Em 2018, Zema era um desconhecido. Mesmo assim, conquistou os mineiros, venceu as eleições e tirou Minas do abismo em que o PT havia deixado o estado. Ele tem totais condições de fazer o mesmo pelo Brasil”, declarou Ribeiro.
A referência ao suposto “abismo” deixado pelo PT em Minas Gerais ecoa a narrativa que o partido Novo pretende projetar nacionalmente, contrapondo a gestão de Zema às administrações petistas anteriores. Esta estratégia discursiva busca capitalizar tanto o descontentamento com o atual governo federal quanto os resultados obtidos pelo governador em território mineiro.
Caiado amplia concorrência na direita
O cenário da direita para 2026 promete ser ainda mais diversificado com a presença confirmada do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que já havia sinalizado sua pré-candidatura presidencial desde abril deste ano. A entrada de Caiado na disputa adiciona mais um nome experiente e com base regional sólida ao campo conservador.
A multiplicidade de candidatos de direita pode tanto fortalecer o campo ideológico, oferecendo diferentes perfis aos eleitores, quanto criar desafios estratégicos para a definição de alianças e apoios no primeiro turno da eleição.
São Paulo como palco de lançamento estratégico
A escolha de São Paulo para oficializar a pré-candidatura não é casual. O estado representa o maior colégio eleitoral do país e concentra parte significativa do empresariado e da classe média urbana, segmentos tradicionalmente receptivos ao discurso do partido Novo. A capital paulista também oferece maior visibilidade midiática nacional para o evento de lançamento.
Novo busca consolidar terceira via
A estratégia do partido Novo com a candidatura de Zema passa pela construção de uma alternativa tanto ao atual governo petista quanto ao bolsonarismo tradicional. O partido pretende ocupar o espaço de uma direita mais moderada, focada em temas econômicos e de gestão pública, sem os elementos mais polarizadores do discurso bolsonarista.
Esta posição pode atrair eleitores descontentes com o governo Lula, mas que também buscam uma opção menos conturbada que a representada por Bolsonaro, caso o ex-presidente consiga reverter sua inelegibilidade.
O lançamento oficial da pré-candidatura em agosto marcará o início efetivo da campanha de Zema, que terá pela frente o desafio de nacionalizar seu nome e construir uma base de apoio que transcenda as fronteiras mineiras. O sucesso desta empreitada dependerá da capacidade do governador de traduzir sua experiência regional em uma proposta nacional convincente para o eleitorado brasileiro.