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Zambelli transfere controle de redes sociais para a mãe e anuncia sucessão política familiar

Deputada cita “perseguição política” e prepara mãe e filho para disputar eleições em 2026 e 2028

Deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) anunciou nesta sexta-feira (30) a transferência oficial da titularidade de seus perfis nas redes sociais para sua mãe, Rita Zambelli. A decisão foi justificada pela parlamentar como uma medida preventiva diante do que classifica como “perseguição política” e do risco de silenciamento caso sua inelegibilidade seja confirmada.

Durante o anúncio, Zambelli também revelou os planos de sucessão política da família: sua mãe será pré-candidata a deputada federal em 2026, enquanto seu filho, João Zambelli, disputará uma vaga de vereador em São Paulo nas eleições de 2028.

Preservação do legado digital

A parlamentar justificou a transferência das redes sociais como uma forma de preservar o que considera um patrimônio de valor incalculável. “As redes sociais de um cidadão são um bem — e, no meu caso, um bem de valor incalculável. Por meio delas, meu público pôde conhecer minha história, meus princípios, meus valores e todo um legado construído com muito trabalho, fé e compromisso com o Brasil”, declarou Zambelli.

A decisão revela uma estratégia de blindagem digital em momento de incerteza jurídica. A deputada argumenta que, diante do cenário atual, é natural querer garantir que seu legado político permaneça ativo, mesmo que ela seja impedida de utilizá-lo diretamente.

Estratégia de continuidade familiar

Rita Zambelli foi apresentada pela filha como “uma mulher íntegra, de princípios sólidos, que carrega os mesmos valores que sempre defendi”. A escolha da mãe como sucessora tanto no controle das redes quanto na disputa política demonstra a confiança na continuidade ideológica do projeto político familiar.

João Zambelli, por sua vez, representará a nova geração da família na política, com foco inicial na Câmara Municipal de São Paulo. “Meu filho, João Zambelli, também dará seguimento a esse legado, em 2028, como pré-candidato à vereança de São Paulo, assegurando que minha luta não seja esquecida, caso, de fato, eu venha a ser calada pelo sistema”, afirmou a deputada.

Contexto jurídico e receios de silenciamento

A transferência das redes sociais ocorre em contexto delicado para a parlamentar. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal condenou Zambelli a dez anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça, ocorrida em 2023. Essa condenação pode resultar em sua inelegibilidade, comprometendo sua carreira política.

“Sim, fiz essa transferência porque, caso se confirme minha inelegibilidade, há o risco real de que tentem me silenciar, inclusive nas redes. E, como minha mãe sempre foi ativa, firme e atuante, tomei essa decisão de forma transparente, responsável e absolutamente legítima”, explicou a deputada.

Narrativa de resistência

O discurso de Zambelli constrói uma narrativa de resistência contra o que denomina “autoritarismo”, posicionando sua família como defensora da “verdade, família e liberdade”. Essa retórica busca mobilizar sua base de apoio em torno da ideia de perseguição política, transformando possíveis sanções judiciais em combustível para engajamento político.

A estratégia demonstra adaptação às regras do jogo político contemporâneo, onde as redes sociais assumem papel central na comunicação política e mobilização de apoiadores. A transferência legal da titularidade representa uma tentativa de preservar esse canal de comunicação independentemente dos desdobramentos jurídicos.

A decisão de Zambelli ilustra como políticos em situação jurídica delicada buscam alternativas para manter influência e presença pública, utilizando estruturas familiares como veículo de continuidade política.