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URGENTE: Carla Zambelli é presa na Itália após denúncia de parlamentar local, diz Ministério da Justiça

Deputada brasileira estava foragida desde condenação do STF a 10 anos de prisão por invasão de sistemas do CNJ

Deputada federal Carla Zambelli Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Deputada federal Carla Zambelli Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

A deputada Carla Zambelli (PL-SP) foi detida pelas autoridades italianas nesta terça-feira (29), conforme confirmou o Ministério da Justiça brasileiro. Agentes policiais se dirigiram ao apartamento onde ela se encontrava em Roma e procederam à prisão da parlamentar, que estava em situação de fuga desde sua condenação pelo Supremo Tribunal Federal.

A parlamentar havia se refugiado na Itália após ser condenada pelo STF a uma década de reclusão no caso envolvendo invasão de sistemas informatizados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Antes de se estabelecer em território italiano, Zambelli passou temporariamente pelos Estados Unidos, aproveitando-se de sua dupla cidadania para buscar proteção no exterior.

Colaboração parlamentar facilita localização

O deputado italiano Angelo Bonelli desempenhou papel crucial na localização da fugitiva, revelando em sua conta na plataforma X que forneceu o endereço de Zambelli às autoridades policiais italianas. “Carla Zambelli está em um apartamento em Roma. Forneci o endereço à polícia. Neste momento, a polícia está identificando Zambelli”, escreveu o parlamentar europeu.

A colaboração internacional evidencia como a rede de proteção buscada pela deputada se mostrou frágil diante da cooperação entre autoridades de diferentes países. O envolvimento de um parlamentar italiano na localização de Zambelli demonstra que sua presença no país não passou despercebida pelas autoridades locais.

Processo de extradição em andamento

O governo brasileiro já havia solicitado formalmente a extradição da parlamentar através dos canais diplomáticos adequados. Zambelli constava na lista de procurados da Interpol desde que se tornou foragida da Justiça brasileira, facilitando sua identificação e eventual captura em território estrangeiro.

Segundo protocolos internacionais, as autoridades italianas têm prazo de até 48 horas para validar a prisão e definir audiência que decidirá sobre o pedido de extradição. Contudo, especialistas alertam que processos desta natureza podem se estender por anos, dependendo da complexidade jurídica e da colaboração entre os governos envolvidos.

Estratégia defensiva da parlamentar

Após a detenção, Zambelli manifestou intenção de ser julgada pela Justiça italiana, alegando que pretende comprovar sua inocência perante tribunais europeus. A deputada questionou a validade de sua condenação no Brasil, baseando suas críticas no depoimento do hacker Walter Delgatti, a quem classificou como “mentiroso”.

Esta estratégia defensiva representa tentativa de questionar a legitimidade do processo judicial brasileiro e buscar tratamento diferenciado no sistema judiciário italiano. A parlamentar aposta na possibilidade de que tribunais estrangeiros possam interpretar diferentemente as evidências apresentadas contra ela.

Contexto da condenação original

A condenação de Zambelli pelo STF decorreu de sua suposta participação na invasão de sistemas informatizados do Conselho Nacional de Justiça, ocorrida em janeiro de 2023. As autoridades brasileiras apontaram parceria entre a deputada e o hacker Walter Delgatti, que também se encontra preso por envolvimento no mesmo esquema.

Além da pena de reclusão, o STF determinou a perda do mandato parlamentar de Zambelli, decisão que ainda aguarda análise pela Câmara dos Deputados. A medida representa consequência política adicional à condenação criminal, podendo encerrar definitivamente sua carreira legislativa.

Fuga internacional planejada

Desde maio, Zambelli havia deixado o território brasileiro de forma planejada, antecipando-se aos efeitos de sua condenação. Inicialmente, a parlamentar se dirigiu aos Estados Unidos, provavelmente testando possibilidades de permanência em território americano antes de optar pela Itália como destino final.

A escolha da Itália como refúgio não foi aleatória, considerando que Zambelli possui cidadania italiana, facilitando sua permanência legal no país europeu. Esta estratégia demonstrou planejamento prévio para evadir-se das consequências judiciais de seus atos no Brasil.

Repercussões para outros investigados

A prisão de Zambelli pode representar precedente importante para outros políticos brasileiros que eventualmente busquem refúgio no exterior para fugir de condenações judiciais. O caso demonstra que acordos internacionais de cooperação judicial podem alcançar fugitivos mesmo em países com os quais mantêm vínculos de cidadania.

A colaboração entre autoridades brasileiras e italianas neste caso específico sinaliza fortalecimento dos mecanismos de combate à impunidade internacional, dificultando estratégias de fuga para o exterior como forma de escapar da Justiça nacional.

O desenrolar do processo de extradição será acompanhado com interesse por observadores políticos, considerando as implicações para futuras tentativas de parlamentares condenados buscarem proteção em territórios estrangeiros.