Gestores adotam medidas drásticas para tentar equilibrar as contas públicas
Ao menos sete municípios de Mato Grosso do Sul iniciaram o ano de 2025 em situação financeira preocupante, acumulando um total de R$ 425 milhões em dívidas. Entre as cidades afetadas estão Dourados, Caarapó, Corumbá, Bela Vista, Aral Moreira, Naviraí e Ladário, cujos novos prefeitos herdaram rombos significativos, salários atrasados e uma série de pendências financeiras.
Dourados: maior dívida entre os municípios
Dourados apresenta o maior passivo entre as cidades em crise, com uma dívida acumulada de R$ 169,5 milhões, segundo o prefeito Marçal Filho (PSDB). Desse montante, R$ 156 milhões correspondem a dívidas previdenciárias e precatórios, enquanto R$ 13 milhões referem-se a restos a pagar. Além disso, encargos e consignações não quitados somam R$ 9 milhões, e a Fundação de Serviços de Saúde de Dourados (Funsaud) enfrenta um déficit que pode ultrapassar R$ 90 milhões.
O prefeito enfatizou que os salários são prioridade, mas a secretária de Fazenda, Suelen Nunes Venâncio, destacou que o município precisará de mais R$ 38 milhões para fechar os compromissos de janeiro. A Funsaud, responsável pelo Hospital da Vida e a UPA (Unidade de Pronto Atendimento), gasta cerca de R$ 7 milhões mensais, acumulando um saldo negativo de R$ 79 milhões em 2023. O prefeito anunciou uma auditoria para esclarecer a real situação financeira.
Caarapó: cortes salariais e medidas emergenciais
A prefeita Professora Lurdes (PL) decretou cortes de 25% nos próprios salários e da vice-prefeita, além de 15% no secretariado por 120 dias. Essas medidas fazem parte de um pacote emergencial para enfrentar uma dívida de R$ 35 milhões. Outros cortes incluem a suspensão de auxílios, gratificações e horas extras, com exceção dos casos previstos por lei.
As pendências financeiras incluem débitos com bancos, a Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores) e o instituto previdenciário local, o PREVCAARAPÓ. Segundo a prefeita, essas dívidas afetam diretamente a prestação de serviços à população.
Corumbá: saúde e transporte público em crise
A gestão do prefeito Dr. Gabriel (PSB) revelou dívidas de R$ 34 milhões, incluindo débitos com consignações de servidores, INSS patronal, FGTS e subsídios não repassados à Santa Casa, no valor de R$ 1,2 milhão. Além disso, o transporte público enfrenta dificuldades devido à falta de pagamento do subsídio mensal de R$ 800 mil.
A secretária Camila Campos de Carvalho informou que o levantamento completo da situação financeira ainda está em andamento, mas o cenário já demonstra grande impacto no orçamento municipal.
Bela Vista: salários parcelados
Com dívidas de R$ 20 milhões, a gestão do prefeito Gabriel Boccia (PP) teve que parcelar os salários de dezembro. O município também enfrenta problemas com débitos previdenciários e consignados, que quase resultaram na negativação de servidores.
Enquanto o atual prefeito prometeu regularizar a situação em fevereiro, o ex-prefeito Reinaldo Piti (PSDB) acusou a nova gestão de incompetência, afirmando que deixou o município em boas condições financeiras.
Aral Moreira: calamidade financeira
A prefeita Dra. Elaine (MDB) declarou estado de calamidade financeira em Aral Moreira, onde as dívidas somam R$ 25 milhões. Órgãos públicos foram fechados temporariamente, enquanto a nova gestão busca soluções para a crise.
A prefeita afirmou que parte significativa da dívida foi herdada da administração anterior, incluindo R$ 19,9 milhões em empenhos não pagos.
Naviraí: rombo de R$ 15 milhões
O prefeito Rodrigo Sacuno (PL) e a vice-prefeita Telma Minari (União Brasil) revelaram um déficit de R$ 15,2 milhões em Naviraí, com despesas atrasadas que incluem R$ 8,2 milhões em contas vencidas e R$ 5,4 milhões de valores não repassados aos bancos.
A ex-prefeita Rhaiza Matos (PSDB) contestou as acusações, alegando que deixou saldo positivo nas contas. Contudo, a atual gestão afirmou que um levantamento bancário comprovou o desequilíbrio financeiro.
Ladário: rombo impacta educação
O município de Ladário acumula dívidas de R$ 36 milhões, conforme relatado pelo prefeito Munir Ramunieh (PSDB). A falta de planejamento financeiro da gestão anterior atrasou a entrega de kits escolares e comprometeu outros serviços essenciais.
Além disso, há um débito de R$ 10 milhões com a concessionária de água, e a nova gestão enfrenta o desafio de reorganizar as contas públicas.
Crise generalizada e busca por soluções
As cidades mencionadas enfrentam uma série de problemas que afetam diretamente os serviços básicos, como saúde, educação e transporte público. Cada gestão tem adotado medidas específicas, como auditorias, cortes de gastos e negociações de dívidas, na tentativa de equilibrar as finanças municipais.
A reportagem completa foi publicada pelo Jornal Midiamax.