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Quinta fase de operação da PF revela esquema milionário de compra de sentenças no STJ

Investigação desmancha rede sofisticada de lavagem de dinheiro e corrupção envolvendo altas esferas do Judiciário brasileiro

Viatura da Polícia Federal Foto: Coordenação-Geral de Comunicação Social/PF
Viatura da Polícia Federal Foto: Coordenação-Geral de Comunicação Social/PF

A Polícia Federal desencadeou nesta terça-feira (13) a quinta etapa da Operação Sisamnes, que investiga um complexo esquema de comercialização de decisões judiciais dentro do Superior Tribunal de Justiça. Agentes federais estão cumprindo 11 mandados de busca e apreensão, além de executarem o bloqueio de aproximadamente R$ 20 milhões em bens e valores pertencentes aos investigados, que também tiveram seus passaportes apreendidos.

De acordo com as autoridades, esta nova fase busca aprofundar as investigações sobre uma série de crimes graves identificados durante o inquérito, incluindo lavagem de capital, corrupção em diferentes modalidades, operações clandestinas de câmbio, evasão de divisas e formação de organização criminosa.

O trabalho investigativo da PF conseguiu identificar uma elaborada estrutura financeira-empresarial desenvolvida especificamente para ocultar a origem ilícita dos valores utilizados como “propinas” no esquema de compra de decisões judiciais emitidas por magistrados do STJ.

A determinação para esta nova ofensiva partiu do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal. Os alvos principais desta fase são empresas utilizadas para dissimular o fluxo das propinas, seus proprietários, operadores financeiros, estabelecimentos de câmbio e pessoas físicas que atuavam como “laranjas” no esquema.

Em sua decisão autorizando as medidas, o ministro Zanin apontou evidências de um “verdadeiro comércio de decisões judiciais”, no qual o empresário e lobista Andreson de Oliveira Gonçalves desempenhava papel fundamental. Segundo o magistrado, Gonçalves “estabeleceu rede de contatos com magistrados e assessores de Ministros do STJ e de integrantes dos Tribunais de Justiça, bem como com uma série de intermediadores, a fim de auferir benefícios derivados de decisões judiciais e informações privilegiadas”. Vale ressaltar que Gonçalves encontra-se detido desde 26 de novembro.