Aprovação presidencial despenca para 40%, menor índice desde início do mandato atual

A popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) registrou queda acentuada e atingiu seu pior desempenho desde o início do atual mandato, segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira (4) pelo instituto Quaest. A desaprovação ao governo petista saltou para 57%, estabelecendo novo recorde negativo, enquanto a aprovação despencou para 40%, o menor patamar da gestão.
Os números representam deterioração em relação ao levantamento anterior, realizado no fim de março e divulgado em abril, quando a desaprovação estava em 56% e a aprovação em 41%. A tendência descendente consolida cenário de crescente insatisfação popular com a condução do governo federal.
Católicos mudam posição e passam a reprovar governo
Um dos dados mais significativos da pesquisa revela mudança inédita no comportamento do eleitorado católico. Pela primeira vez desde o início do atual mandato de Lula, a maioria dos católicos passou a desaprovar o governo federal, invertendo tendência que se mantinha desde janeiro de 2023.
Entre os católicos, 53% agora desaprovam a gestão presidencial, crescimento de quatro pontos percentuais em relação aos 49% registrados em abril. Paralelamente, a aprovação neste segmento caiu de 49% para 45%, evidenciando migração significativa de opinião neste importante grupo demográfico.
A margem de erro para católicos é de três pontos percentuais, o que ainda assim confirma a inversão de tendência. Esta mudança é particularmente relevante considerando que os católicos representam parcela substancial do eleitorado brasileiro e historicamente constituem base importante para governos petistas.
Evangélicos mantêm rejeição majoritária
Entre os evangélicos, o cenário de alta desaprovação se mantém estável, com 66% declarando reprovar o governo Lula. Este grupo religioso tem apresentado resistência consistente à gestão petista desde o início do mandato, mantendo posição crítica que se alinha com posicionamentos políticos observados em eleições recentes.
A margem de erro para evangélicos é de quatro pontos percentuais, mas os números indicam consolidação da rejeição neste segmento. A manutenção da alta desaprovação entre evangélicos sugere dificuldades estruturais do governo em ampliar sua base de apoio para além de grupos tradicionalmente alinhados com o PT.
Avaliação geral do governo registra piora
A avaliação geral da gestão Lula também apresentou sinais de deterioração, embora com oscilações menores. A proporção de brasileiros que considera o governo positivo recuou de 27% para 26% na comparação com abril, mantendo-se em patamar historicamente baixo para gestões petistas.
Por outro lado, cresceu o contingente que avalia negativamente a administração federal, passando de 41% para 43% no período analisado. O grupo que classifica o governo como regular apresentou ligeira queda, de 29% para 28%, sugerindo polarização crescente das opiniões.
Estes números indicam que, além da queda na aprovação direta, o governo enfrenta dificuldades para manter avaliações neutras ou moderadamente positivas, com eleitores migrando para posições mais críticas.
Pessimismo sobre rumos do país se intensifica
A percepção sobre a direção que o Brasil está tomando também piorou significativamente. O número de brasileiros que acreditam que o país está seguindo na direção errada cresceu de 56% para 61%, aumento de cinco pontos percentuais que sugere aprofundamento do pessimismo nacional.
Simultaneamente, caiu de 36% para 32% o percentual de cidadãos que consideram que o Brasil está no caminho certo. Esta queda de quatro pontos na percepção positiva sobre os rumos nacionais complementa o quadro de deterioração da imagem governamental.
O crescimento do pessimismo sobre o futuro do país representa desafio adicional para o governo, uma vez que expectativas negativas tendem a impactar comportamentos econômicos e políticos, criando ambiente menos favorável para implementação de políticas públicas.
Metodologia confirma representatividade nacional
A pesquisa foi encomendada pela Genial Investimentos e ouviu 2.004 pessoas com 16 anos ou mais em todo o território nacional, entre os dias 29 de maio e 1º de junho. O levantamento adotou nível de confiança de 95%, com margem de erro geral de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
A amostra robusta e a metodologia consolidada do instituto Quaest conferem credibilidade aos resultados, que se alinham com tendências observadas em outras pesquisas de opinião recentes. O período de coleta, no final de maio e início de junho, captura percepções formadas após importantes eventos políticos e econômicos do primeiro semestre.
Desafios crescentes para sustentação política
Os números da Quaest consolidam cenário de fragilização política do governo Lula, com desaprovação em ascensão e bases de apoio em erosão. A perda de apoio entre católicos representa particularmente desafio estratégico, considerando a importância deste grupo para a governabilidade.
O governo federal precisará enfrentar crescente resistência popular para implementar sua agenda política e econômica, especialmente em ano que antecede importante ciclo eleitoral municipal. A deterioração dos indicadores de popularidade pode impactar negativamente a capacidade de articulação política do Executivo.
A inversão de tendência observada entre católicos, somada à manutenção da alta rejeição entre evangélicos, sugere que questões relacionadas a valores e costumes podem estar influenciando a avaliação governamental, além de fatores econômicos tradicionais.