Operação apreende mais de 4 mil pneus ilegais avaliados em R$ 5 milhões; produtos de baixa qualidade representavam risco à segurança no trânsito

Uma operação conjunta da Polícia Federal e Receita Federal desmantelou um sofisticado esquema de contrabando de pneus provenientes do Paraguai que abastecia lojas especializadas de Campo Grande. As autoridades cumpriram mandados em cinco estabelecimentos comerciais da capital sul-mato-grossense, resultando na apreensão de 4.269 pneumáticos avaliados em mais de R$ 5 milhões, todos introduzidos ilegalmente no país sem o recolhimento dos devidos tributos.
A investigação ganhou força após a operação Wrong Tires, realizada em novembro de 2023, quando já haviam sido apreendidos 6 mil pneus contrabandeados em cinco locais diferentes. Esta nova etapa, batizada de operações Tatu-Bola e Bad Tires, expandiu o alcance das autoridades.
“Esta nova fase teve início a partir de informações colhidas em decorrência da prisão em flagrante de dois motoristas por estarem transportando grande quantidade de pneumáticos descaminhados, que seriam entregues em centros automotivos na cidade de Campo Grande. Em diligências posteriores, foi possível identificar os encomendantes e responsáveis pelos pagamentos”, explicou a Receita Federal, em nota.
De acordo com a Polícia Federal, o transporte das mercadorias era realizado por “freteiros” contratados especificamente para trazer os produtos do Paraguai até Campo Grande através da fronteira. Para maximizar a quantidade de itens contrabandeados, os transportadores utilizavam um método peculiar.
“Os investigados utilizam-se da técnica chamada ‘bola de pneus’ para introduzirem de forma clandestina as mercadorias no Brasil, por isso, ao colocarem os pneus uns dentro dos outros, conseguem aumentar em até cinco vezes a quantidade transportada. Enfatize-se que, apesar de novos, os pneus apresentam deformidades e ondulações e, nessas condições, colocam em risco a segurança de motoristas e pedestres”, declarou a Receita Federal.
Os registros fotográficos e vídeos produzidos pelas autoridades evidenciam as condições comprometidas dos produtos, que apresentavam deformações significativas e distorções estruturais.
“Além da insegurança no trânsito, decorrente da má qualidade do produto, a entrada de pneus clandestinos em nosso território traz danos ao meio ambiente, tendo em vista o não cumprimento da legislação vigente, e à economia brasileira, por promoverem uma competição desleal com o produto nacional, que recolhe os seus tributos devidos à União, aos estados e aos municípios”, afirmou a Receita.
Durante a operação, foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão determinados pela 3ª Vara Federal de Campo Grande. Além dos milhares de pneus, as autoridades confiscaram quatro aparelhos celulares, um revólver calibre 32, dez munições e diversos documentos. Uma pessoa foi detida por posse irregular de arma de fogo.
Das ordens judiciais expedidas, 16 foram executadas em Campo Grande e uma em Bonito. A mobilização envolveu 22 auditores fiscais e analistas tributários da Receita Federal, além de 66 policiais federais.
Em declaração ao Correio do Estado, a Polícia Federal informou que o esquema envolvia cinco pessoas e que as investigações prosseguem para determinar o montante financeiro movimentado pelo grupo. Todo o material apreendido foi encaminhado para a Receita Federal.
A operação Wrong Tires, realizada em novembro de 2023, já havia identificado o mesmo padrão criminoso, quando foi constatado que os pneus contrabandeados eram inicialmente armazenados em um depósito na capital, para posterior distribuição a empresas do mesmo grupo.
“Além da baixa qualidade, constatou-se que os pneus não possuem garantia e não há informações sobre sua procedência, o que coloca em risco a segurança do condutor do veículo que os adquire e de terceiros”, frisou a Receita na ocasião.
Com informações do Correio do Estado