Vereador denuncia que nome da vice-prefeita de Dourados e presidente do PL Mulher-MS foi omitido deliberadamente em levantamento eleitoral

Um possível caso de manipulação de pesquisa eleitoral movimenta o cenário político de Mato Grosso do Sul. O vereador Dr. Diego Olídio (PP), do município de Jardim, denunciou publicamente que o nome da pré-candidata ao Senado Federal Gianni Nogueira (PL) foi deliberadamente excluído da parte estimulada de um levantamento realizado recentemente no estado.
Em vídeo divulgado em suas redes sociais, o parlamentar relatou em detalhes como teria ocorrido a suposta fraude. “Entrou em contato comigo instituto de pesquisa, não me recordo o qual agora, e questionando a respeito das eleições do próximo ano. No momento em que questionaram a respeito do Senado, fizeram a pergunta, em quem você vota para o Senado? E eu respondi, Gianni Nogueira”, explica o vereador.
O problema, segundo Olídio, ocorreu na sequência, durante a fase estimulada da pesquisa: “Em continuidade, passaram pra parte estimulada a respeito do Senado, ‘dentre esses nomes em quem você vota para o Senado’. Eu respondi novamente, e foi passado o seguinte, ‘não, você não poderia e não pode votar nesse candidato novamente, você já falou ela, vale outro, dentre dos da lista, em quem você vota’.”
Surpreendido com a metodologia, o vereador questionou o procedimento, mas os entrevistadores insistiram para que escolhesse outro nome diferente do que havia mencionado espontaneamente. “Eu achei muito estranho isso porque o meu voto foi computado a princípio numa parte espontânea, mas não é estimulado, não deixaram computar esse voto pra ela”, relata.
Gianni Nogueira é vice-prefeita de Dourados, segunda maior cidade do estado, e figura em ascensão no campo conservador. Sua proximidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro ganhou maior visibilidade quando foi a única representante política sul-mato-grossense convidada a discursar na manifestação realizada há três semanas na Avenida Paulista, em São Paulo, evento que reuniu centenas de milhares de pessoas em defesa da anistia para os manifestantes presos após os atos de 8 de janeiro.
Para o vereador Diego Olídio, a exclusão do nome de Gianni dos levantamentos eleitorais estimulados representa uma grave violação dos princípios de imparcialidade que deveriam nortear a elaboração de pesquisas registradas oficialmente. “Eu acredito que não sei se foi por má intenção ou se foi por erro, mas as pesquisas elas têm que ser realizadas de uma forma melhor, porque a minha candidata mesmo ficou sem meu voto agora na parte estimulada porque não deixaram eu colocar o nome dela, gente muito estranho em princípio”, conclui o parlamentar em seu depoimento.
A controvérsia ocorre em um momento de crescente preocupação com a proliferação de pesquisas eleitorais no país. Dados recentes indicam que 2024 registrou número recorde de levantamentos, fato que tem ampliado o alerta para possíveis manipulações nos resultados divulgados.
Especialistas em estatística eleitoral apontam fragilidades metodológicas em diversos levantamentos. Com amostras relativamente pequenas, de aproximadamente 2 mil entrevistados, algumas pesquisas pretendem representar as intenções de voto de um universo de mais de 156 milhões de eleitores brasileiros. Essa disparidade entre amostragem e população total tem levantado debates sobre a necessidade de maior rigor técnico e fiscalização dos levantamentos.
A denúncia do vereador de Jardim adiciona mais um elemento controverso ao cenário pré-eleitoral de 2026, especialmente em um momento em que nomes ligados ao bolsonarismo, como Gianni Nogueira, consolidam suas bases para futuras disputas eleitorais.