Deputado petista usa tribuna para criticar Congresso que sustou majoração do IOF do governo Lula

Em mais um episódio que evidencia o descompasso entre o discurso governista e a realidade econômica brasileira, o deputado Pedro Kemp (PT/MS) utilizou a tribuna da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul nesta terça-feira (01/07) para defender o controverso aumento do IOF proposto pelo governo Lula, medida que foi derrubada pelo Congresso Nacional na semana passada.
Durante sua fala no grande expediente, Kemp demonstrou irritação com a decisão histórica do Poder Legislativo, que pela primeira vez em décadas sustou um decreto presidencial. O parlamentar petista classificou a ação como uma tentativa de “prejudicar o governo” e “impedir que o presidente Lula possa governar”.
Discurso inflamado e defesa de mais impostos
O deputado do PT não poupou críticas ao Congresso Nacional, acusando os parlamentares de trabalharem “contra o governo” e “contra a sociedade”. Em sua argumentação, Kemp defendeu que a cobrança do IOF seria direcionada aos “milionários”, numa tentativa de justificar o aumento da carga tributária em um país que já figura entre os que mais cobram impostos no mundo.
“Essa cobrança, ela é uma cobrança em cima dos milionários”, afirmou Kemp durante seu discurso, tentando minimizar o impacto da medida sobre a população geral. O deputado ainda comparou os atuais 3,5% do IOF com os 6,3% do governo anterior, numa clara tentativa de relativizar o aumento proposto.
Contestação revela impactos reais
A fala de Kemp foi prontamente contestada por outro deputado, que solicitou aparte e apresentou uma análise técnica precisa sobre os impactos reais da medida. A contestação demonstrou como o aumento afetaria diretamente micro e pequenas empresas, consumidores e investidores.
“O que está sendo taxado? Pega, por exemplo, o recurso que uma micro e pequena empresa, quando ela vai ao banco para pegar o dinheiro do capital de giro, ela vai ter que agora pagar os juros do capital de giro, que dá uns 40% ao ano, mais 4% de IOF”, foi explicado durante o aparte, desmontando o argumento de que apenas os ricos seriam afetados.
A intervenção ainda destacou que a medida encareceria todo o crédito da economia nacional, afetando desde o financiamento de veículos até operações de previdência, contradizendo diretamente a narrativa petista de que se tratava de uma “taxação dos ricos”.
Críticas ao ambiente econômico
Durante o debate, também foi chamada atenção para o ambiente de alta taxa de juros, com a Selic em patamares elevados, questionando a lógica de aumentar ainda mais os custos de crédito no país. “É nesse ambiente de taxa de juros altíssima que o governo ainda exorbita, ainda coloca mais o IOF sobre operações financeiras”, foi criticado.
A análise técnica revelou um aspecto importante: o IOF tem natureza regulatória, não arrecadatória, funcionando como instrumento de controle econômico similar ao IPI sobre cigarros e bebidas. O uso do imposto para fins fiscais configuraria, segundo a interpretação apresentada, exorbitância de competência do Executivo.
Déficit trilionário e desespero arrecadatório
Um ponto crucial levantado durante o debate foi o reconhecimento do déficit estrutural brasileiro, que já ultrapassa um trilhão de reais. Essa informação, confirmada pelas estatísticas do Banco Central e do Ministério da Fazenda, revela o desespero arrecadatório do governo federal.
A tentativa de usar um decreto para aumentar impostos, ao invés de tramitar o tema pelo Congresso através de projeto de lei ou medida provisória, demonstra a estratégia governamental de evitar o debate democrático sobre o aumento da carga tributária.
Ataques ao Centrão e retórica populista
Na parte final de sua fala, Pedro Kemp partiu para ataques diretos aos partidos do Centrão e aos parlamentares da oposição, demonstrando o nervosismo governista com a crescente resistência às medidas de aumento de impostos. O deputado chegou a sugerir que ministros desses partidos “saiam do governo”, revelando as tensões internas da base aliada.
A retórica populista ficou evidente quando Kemp defendeu que “quem pode mais tem que pagar mais mesmo”, ignorando que as medidas propostas pelo governo acabam impactando toda a cadeia produtiva e, consequentemente, o consumidor final.
Congresso age em defesa da sociedade
Ao contrário do que sugere o discurso petista, a decisão do Congresso Nacional de sustar o decreto do IOF representa uma vitória da democracia e dos interesses da sociedade brasileira. A medida impediu que milhões de brasileiros fossem penalizados com mais um aumento de impostos disfarçado de “taxação dos ricos”.
A posição técnica e fundamentada da oposição contrasta com o discurso ideológico e desconectado da realidade apresentado pelo representante petista, evidenciando a diferença entre governar com responsabilidade e fazer política com demagogia.
O episódio demonstra como o governo federal tem encontrado resistência crescente às suas tentativas de aumentar a carga tributária, sinalizando que o Congresso Nacional está cumprindo seu papel constitucional de freios e contrapesos ao Poder Executivo.