Mesmo casa de apostas que previu vitória de Trump aponta secretário do Vaticano, crítico de decisões progressistas de Francisco, como favorito para o conclave de maio

A renomada casa de apostas americana Polymarket, que ganhou notoriedade ao prever corretamente a vitória de Donald Trump nas eleições americanas, divulgou nesta terça-feira (29) suas projeções para o próximo pontífice da Igreja Católica. Segundo a plataforma especializada em criptomoedas, o cardeal italiano Pietro Parolin desponta como favorito para suceder o papa Francisco no conclave que se inicia em 7 de maio no Vaticano.
Aos 70 anos, Parolin ocupa atualmente o estratégico cargo de secretário de Estado do Vaticano, posição que lhe confere significativa influência nos bastidores da Santa Sé e papel central nas articulações do próximo conclave. Apesar de ter sido o primeiro cardeal nomeado pelo papa Francisco, o italiano tem se destacado por manter posicionamentos mais conservadores em questões doutrinárias sensíveis.
Um exemplo dessa postura foi sua manifestação crítica à controversa decisão de Francisco de permitir bênçãos a casais homossexuais, medida que gerou forte resistência entre setores tradicionais da Igreja. Esta combinação de proximidade administrativa com o atual papa e independência doutrinária faz de Parolin um nome capaz de agradar tanto a alas progressistas quanto conservadoras do colégio cardinalício.
De acordo com as análises da Polymarket, Parolin aparece com 27% de probabilidade de se tornar o próximo papa, superando o cardeal filipino Luis Antonio Tagle, que surge em segundo lugar com 21%. Tagle, atual responsável pelo órgão de evangelização da Santa Sé, é considerado mais alinhado à visão progressista de Francisco, o que pode limitar seu apoio entre cardeais de perfil tradicionalista.
Completando a lista dos principais cotados estão o cardeal Peter Turkson, de Gana, com 16% de chances, e o italiano Matteo Zuppi, com 13%. A possível eleição de Turkson representaria um marco histórico, uma vez que seria o primeiro papa negro na história moderna da Igreja.
Embora possam parecer controversas para alguns fiéis, as apostas sobre eleições papais não são novidade. Registros históricos indicam que essa prática remonta ao século 15, quando até mesmo seguros de vida do pontífice eram utilizados como instrumentos de especulação financeira, revelando a longa tradição de interesse público nas sucessões papais.
O conclave que definirá o próximo líder da Igreja Católica promete ser um momento decisivo para determinar se o caminho de reformas iniciado por Francisco terá continuidade ou se haverá um retorno a posições mais tradicionais na condução dos 1,3 bilhão de católicos ao redor do mundo.