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O escândalo que ameaça R$ 6,3 bilhões de aposentados: oposição exige investigação

Deputados reúnem 185 assinaturas para CPI que promete desvendar esquema de fraudes em contribuições sindicais que lesou milhares de idosos

Oposição protocola o pedido de CPI do roubo dos aposentados Foto: Monalisa Escovedo
Oposição protocola o pedido de CPI do roubo dos aposentados Foto: Monalisa Escovedo

Em movimento que promete abalar as estruturas do sistema previdenciário nacional, deputados da oposição formalizaram nesta quarta-feira (30) um pedido de instauração de Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o monumental desvio de recursos pertencentes a aposentados e pensionistas através de cobranças sindicais consideradas ilegais. A articulação, capitaneada pelo deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO), conseguiu angariar expressivo apoio de 185 parlamentares, muito além do mínimo necessário.

O requerimento apresentado faz referência direta à Operação Sem Desconto, conduzida conjuntamente pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU), que revelou um esquema que pode ter desviado até R$ 6,3 bilhões dos cofres do INSS. As investigações apontam para práticas criminosas envolvendo falsificação sistemática de assinaturas e imposição de cobranças não autorizadas de contribuições sindicais, com a participação de pelo menos 11 entidades.

Na fundamentação do documento, os parlamentares signatários enfatizam que a denominada CPI do Roubo dos Aposentados torna-se “imprescindível diante das graves denúncias” que vieram à tona. Destacam ainda que o colegiado investigativo deverá “esclarecer a extensão das fraudes, identificar os responsáveis e avaliar o impacto sobre aposentados e pensionistas” vitimados pelo esquema.

O texto também evidencia que o caso é agravado pela comprovada “ausência de consentimento dos beneficiários” e pelas “possíveis conexões políticas que possam ter facilitado ou encoberto tais ilícitos”, deixando em aberto a possibilidade de envolvimento de figuras de destaque na estrutura governamental.

Na avaliação dos proponentes da CPI, “a confiança no sistema previdenciário e nas instituições sindicais está profundamente abalada” em decorrência desse escândalo, tornando a investigação parlamentar um instrumento indispensável para garantir transparência ao processo, punir exemplarmente os envolvidos e “assegurar a dignidade dos beneficiários do INSS”, justamente a parcela mais vulnerável da população.

A proposta seguirá agora para análise da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. Uma vez aprovada, a CPI do Roubo dos Aposentados disporá de um prazo de 120 dias para apurar minuciosamente os fatos, com poderes para convocar autoridades, quebrar sigilos e apresentar conclusões que poderão resultar em profundas mudanças no sistema previdenciário brasileiro.