Pedido apoiado por 72 deputados aponta riscos na política externa do petista

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) apresentou, nesta terça-feira (15), um pedido de impeachment contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Câmara dos Deputados. A ação, respaldada por 72 parlamentares, acusa o chefe do Executivo de cometer crimes de responsabilidade, conforme previsto no artigo 85 da Constituição Federal e na Lei nº 1.079/1950. O foco da denúncia recai sobre a condução da política externa brasileira, que, segundo os signatários, coloca em xeque a soberania nacional e os interesses do país.
No cerne da acusação estão decisões consideradas lesivas à imagem e à segurança do Brasil. Entre os pontos destacados, está a aproximação com governos ditatoriais, como o do Irã, evidenciada pela autorização para que navios de guerra iranianos atracassem em solo brasileiro. Além disso, o governo é criticado por se recusar a reconhecer o PCC como organização terrorista, ignorando solicitações formais dos Estados Unidos, um dos principais parceiros comerciais do país. Outro aspecto mencionado é a defesa de Lula pela desdolarização no comércio internacional dentro do bloco dos BRICS, vista como um ataque direto à estabilidade econômica global e aos interesses nacionais.
A denúncia também aponta declarações públicas do presidente que teriam gerado atritos diplomáticos desnecessários. Um exemplo é o tom de deboche utilizado ao se referir a líderes de nações aliadas, como o ex-presidente norte-americano Donald Trump, o que, segundo o documento, agravou tensões entre Brasil e Estados Unidos. Para Nikolas Ferreira, “o Brasil não pode ser refém de uma visão ideológica que privilegia regimes opressores e desrespeita nossa história de cooperação internacional. Precisamos de uma liderança que defenda os brasileiros, não agendas contrárias aos nossos valores.”
O pedido argumenta que tais atitudes ferem a probidade administrativa, conforme o artigo 85, inciso VI, da Constituição, além de violarem dispositivos da Lei nº 1.079/1950, que tratam de condutas incompatíveis com a dignidade e o decoro exigidos para o exercício da Presidência da República. Os parlamentares afirmam que a postura de Lula representa um risco concreto à posição do Brasil no cenário global, comprometendo alianças estratégicas e expondo o país a vulnerabilidades diplomáticas e econômicas.
Próximos passos do processo
Agora, o documento segue para análise da presidência da Câmara dos Deputados, que terá a prerrogativa de decidir se o pedido será encaminhado para tramitação ou arquivado. Caso avance, o processo pode desencadear um longo embate político no Congresso, em um momento em que o país já enfrenta desafios econômicos e sociais significativos. A oposição, liderada por figuras como Nikolas Ferreira, promete manter a pressão para que a denúncia seja apreciada com celeridade, enquanto o governo deve mobilizar sua base para barrar qualquer tentativa de destituição.
Perspectivas e desdobramentos
Analistas políticos avaliam que, independentemente do desfecho, o pedido de impeachment intensifica a polarização no Brasil e expõe as fragilidades da atual gestão no campo internacional. A expectativa é de que o tema domine o debate público nas próximas semanas, com possíveis impactos na articulação política do governo Lula e na confiança de investidores estrangeiros. Resta saber como a presidência da Câmara, sob comando de Arthur Lira, irá conduzir a questão, em um contexto de crescente tensão entre os poderes.