Pesquisar

Mudança que pode ampliar número de deputados entra na pauta da Câmara com urgência

Hugo Motta acelera votação de projeto que aumentará número de deputados para evitar redução de cadeiras em alguns estados, atendendo determinação do STF

Hugo Motta Foto: Marina Ramos / Câmara dos Deputados
Hugo Motta Foto: Marina Ramos / Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiu imprimir ritmo acelerado à polêmica proposta de alteração do quantitativo parlamentar no Congresso Nacional. Na última definição da agenda legislativa, Motta incluiu na pauta do plenário da próxima segunda-feira (5) um requerimento de urgência para o projeto que modifica o número de deputados federais por estado, além do marco regulatório das concessões e parcerias público-privadas (PPPs).

A movimentação ocorre em meio à pressão do calendário estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou o prazo limite de 30 de junho deste ano para que seja feita a revisão da distribuição de cadeiras legislativas conforme a população de cada unidade federativa. A decisão da Suprema Corte, mais uma vez interferindo em matéria tipicamente legislativa, colocou o Congresso em situação de ter que acelerar a definição sobre tema de alta complexidade política.

O requerimento de urgência, se aprovado pelos parlamentares, permitirá que tramite em regime prioritário o projeto que impede qualquer redução das atuais 513 cadeiras na Câmara. A solução encontrada pelo Legislativo para atualizar a representação dos estados sem diminuir o número de deputados em nenhum deles foi ampliar o total de parlamentares, o que na prática significará um Congresso ainda maior e mais dispendioso para o contribuinte. A relatoria da matéria está sob responsabilidade do deputado Damião Feliciano (União-PB).

A atual distribuição das cadeiras da Câmara foi estabelecida em 1993 e não acompanhou as mudanças demográficas ocorridas nas últimas três décadas. Estados que perderam população proporcionalmente mantiveram sua representação, enquanto outros que cresceram demograficamente estão sub-representados segundo os critérios constitucionais.

Na mesma sessão, os deputados também deverão apreciar o requerimento de urgência para o marco das concessões, relatado pelo deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP). Este projeto busca simplificar contratos de concessão e de PPPs, estabelecendo novas regras para os processos licitatórios, em uma tentativa de destravar investimentos privados em infraestrutura no país.

A pauta da próxima segunda-feira ainda inclui diversos projetos remanescentes de sessões anteriores, como incentivos para a produção de itens relacionados à saúde, novas normas para a destinação de recursos provenientes de multas de trânsito, medidas para combater o tráfico de animais silvestres e, curiosamente, a criação de funções comissionadas do próprio Supremo Tribunal Federal (STF) – justamente o órgão que determinou o prazo para a alteração do número de parlamentares.

A votação da urgência para ampliação do número de deputados tem gerado debates intensos nos bastidores do Congresso. Críticos apontam que o aumento do número de cadeiras representará mais gastos para os cofres públicos, incluindo salários, verbas de gabinete, assessores e toda a estrutura necessária para o funcionamento dos mandatos adicionais. Defensores argumentam que é necessário garantir a representatividade adequada das populações estaduais conforme determinação constitucional.