Decisão atende pedido da defesa de Anderson Torres, que busca desvincular documento apreendido.

Em uma nova movimentação no âmbito das investigações sobre a suposta trama golpista, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu nesta terça-feira (17) um prazo de 48 horas para que o Google forneça informações sobre o responsável pela publicação de uma cópia da chamada “minuta do golpe” em um domínio público na internet. A decisão atende a um pedido da defesa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, que figura entre os réus do núcleo principal da investigação.
A solicitação dos advogados de Torres busca, essencialmente, minimizar a relevância do documento encontrado na residência do ex-ministro durante busca e apreensão realizada pela Polícia Federal (PF) em 2023. A defesa sustenta que a minuta, que segundo as investigações seria de conhecimento do ex-presidente Jair Bolsonaro e teria a finalidade de subsidiar a decretação de medidas de estado de defesa para tentar reverter o resultado das eleições de 2022, já estava amplamente disponível na internet.
Após receber os dados solicitados ao Google, a defesa de Anderson Torres planeja requerer uma perícia técnica. O objetivo é demonstrar que a cópia da minuta apreendida na casa de Torres não possui ligação direta com o documento que teria sido supostamente apresentado pelo ex-presidente aos ex-comandantes das Forças Armadas.
Paralelamente a essa linha de defesa, Moraes também autorizou um pedido de acareação entre Anderson Torres e o ex-comandante do Exército, general Freire Gomes. A audiência está agendada para a próxima terça-feira, dia 24 de junho.
Segundo a defesa de Torres, a acareação é necessária para esclarecer o que consideram contradições nos depoimentos prestados pelo general à Polícia Federal durante as investigações. Freire Gomes foi ouvido na condição de testemunha e estava presente em uma reunião na qual Bolsonaro teria apresentado “estudos” para sugerir a adesão das Forças Armadas a uma tentativa de reverter o quadro eleitoral em 2022. A defesa busca, com o confronto de versões, lançar luz sobre os fatos e a real participação de cada envolvido.