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Mais de 3 milhões de brasileiros pedem revisão por descontos fraudulentos no INSS

Valor total dos ressarcimentos pode chegar a R$ 2,1 bilhões; 43 associações têm prazo de 15 dias para explicar cobranças indevidas

Aplicativo Meu INSS Foto: Joédson Alves / Agência Brasil
Aplicativo Meu INSS Foto: Joédson Alves / Agência Brasil

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) registrou até a última sexta-feira (14) um volume impressionante de 3,1 milhões de solicitações para revisão de descontos indevidos aplicados em aposentadorias e pensões em todo o território nacional. Os números revelam a dimensão de um esquema de fraude que afetou milhões de beneficiários da Previdência Social brasileira.

O montante total que poderá ser devolvido aos prejudicados alcança a cifra de R$ 2,1 bilhões, considerando as devidas correções pela inflação acumulada no período. Segundo o presidente do INSS, Gilberto Waller, esta representa apenas a primeira etapa de um processo mais amplo destinado a restituir os valores aos beneficiários que se tornaram vítimas do esquema fraudulento.

Associações no centro da investigação

Um total de 43 associações encontra-se envolvido no caso e dispõe de um prazo de 15 dias para apresentar explicações detalhadas sobre os descontos realizados. Até o momento, 15 dessas entidades ainda não ofereceram resposta às solicitações do instituto previdenciário.

Algumas das associações que já se manifestaram alegam que os serviços foram legitimamente contratados pelos próprios aposentados. Contudo, essa justificativa pode ser formalmente contestada pelos beneficiários em um prazo de até 30 dias, garantindo amplo direito de defesa aos prejudicados.

Palavra do beneficiário tem peso decisivo

O processo estabelece critérios claros para resolução dos conflitos. Se o aposentado negar qualquer vínculo com os serviços cobrados, sua palavra será considerada válida pelo INSS. Nos casos em que não houver resposta das associações dentro do prazo estabelecido, o próprio instituto previdenciário poderá questionar diretamente a legitimidade das cobranças.

A contestação pode ser realizada através de múltiplos canais para facilitar o acesso dos cidadãos: presencialmente nas agências do INSS, pelos Correios ou através do aplicativo Meu INSS. Essa diversidade de opções visa contemplar diferentes perfis de usuários e garantir que todos os prejudicados possam exercer seus direitos.

Ressarcimento será responsabilidade das entidades

O pagamento das quantias indevidamente descontadas ficará integralmente a cargo das entidades envolvidas no esquema. Contudo, ainda não existe uma data definida para o início efetivo dos ressarcimentos aos beneficiários lesados.

Na quinta-feira (12), o governo federal tomou uma iniciativa estratégica ao acionar o Supremo Tribunal Federal através da Advocacia-Geral da União, buscando concentrar todos os casos no âmbito do Executivo e evitar uma dispersão em disputas judiciais que poderiam prolongar indefinidamente o processo.

Agilização através do STF

A estratégia governamental visa acelerar significativamente o pagamento das indenizações. “Quando o STF autorizar, apresentaremos um calendário para as vítimas da fraude”, declarou o ministro da AGU, Jorge Messias, sinalizando que existe um planejamento estruturado aguardando apenas a validação da Suprema Corte.

Esta ação concentradora no Executivo representa uma tentativa de criar um processo único e padronizado, evitando que milhões de beneficiários precisem recorrer individualmente ao Judiciário para obter seus direitos. A medida pode representar uma economia significativa de tempo e recursos tanto para o Estado quanto para os cidadãos prejudicados.

O caso expõe vulnerabilidades no sistema de controle do INSS e destaca a necessidade de aperfeiçoamento dos mecanismos de fiscalização para prevenir fraudes similares no futuro.