Líder do MTST entra para o primeiro escalão do governo e reforça a influência de movimentos sociais e partidos extremistas na gestão petista

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nomeou nesta segunda-feira (20) o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, substituindo Márcio Macêdo, que ocupava o cargo desde o início do terceiro mandato petista. A escolha foi acertada após uma reunião de quase duas horas no Palácio do Planalto e marca a entrada formal do PSOL, partido ainda mais radical que o PT, no núcleo duro do governo.
Líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), o psolista — que já foi candidato à Presidência e à Prefeitura de São Paulo — representa o braço mais engajado da militância de esquerda, com atuação conhecida por invasões de propriedades e pautas anticapitalistas. Ao nomeá-lo, Lula acena para os movimentos sociais e tenta reconstruir sua base junto à extrema esquerda, desgastada por críticas internas sobre a condução econômica e a falta de avanços em agendas ideológicas.
A troca é vista como uma decisão política e estratégica, voltada a fortalecer o bloco progressista de olho nas eleições de 2026, quando Boulos deve novamente disputar a Prefeitura de São Paulo — desta vez com o apoio direto do Planalto. A medida, porém, é interpretada por opositores como um retrocesso institucional, já que coloca o símbolo da radicalização do PSOL em um dos cargos mais próximos da Presidência da República.
Boulos é formado em Filosofia e mestre em Psiquiatria, mas construiu sua carreira longe da academia: organizando ocupações de imóveis e incentivando atos de confronto com a iniciativa privada, ações que lhe renderam projeção política entre grupos de esquerda e críticas severas de quem defende a lei e a propriedade privada.
Ao deixar o cargo, Márcio Macêdo, um dos quadros mais antigos do PT e coordenador da campanha de Lula em 2022, encerra 34 meses no governo, período em que atuou na estruturação da articulação política com a militância.
A nomeação de Boulos amplia a presença do PSOL no poder federal e confirma o que já era previsível: o governo Lula segue cedendo espaço e influência à ala mais radical da esquerda, em detrimento do diálogo com o setor produtivo e com pautas que realmente importam ao cidadão comum.