Negociação com Centrão ocorre após demissão de presidente da estatal e aprovação de financiamento de R$ 3,8 bilhões pelos Brics

Sob forte pressão do Centrão, o governo Lula (PT) estaria nos bastidores articulando a entrega do comando dos Correios ao grupo político liderado por Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), presidente do Senado. A movimentação acontece logo após a saída de Fabiano Silva dos Santos do cargo de presidente da estatal, na última sexta-feira (4), em um contexto de prejuízo histórico e exigências por reestruturação interna. O déficit dos Correios atingiu R$ 2,6 bilhões em 2024, o pior resultado entre as empresas estatais no período.
Essa mudança no controle da empresa surge em um momento crucial, já que os Correios estão próximos de receber um aporte financeiro significativo. O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), também chamado de banco dos Brics e atualmente sob a presidência de Dilma Rousseff, encontra-se em fase avançada para liberar um financiamento de R$ 3,8 bilhões à estatal. O projeto, intitulado “plano de modernização e transformação ecológica”, contempla investimentos em energia limpa, diminuição de resíduos sólidos e a criação de centros operacionais sustentáveis, trazendo um respiro financeiro para a empresa em crise.
Resistência e queda de liderança
Fabiano Silva dos Santos, que estava à frente dos Correios desde o início do terceiro mandato de Lula, teria se oposto a pressões da Casa Civil para implementar cortes de pessoal e alienação de bens da estatal. Essas ações eram consideradas indispensáveis por setores do governo para “sinalizar compromisso fiscal”, conforme fontes próximas ao Planalto. Sua postura contrária a essas medidas acabou resultando em sua saída do cargo.
Estratégia política do Planalto
A entrega do comando dos Correios ao grupo de Alcolumbre é vista como mais um gesto de aproximação do governo com o Centrão, em um esforço para fortalecer sua base no Congresso e garantir a aprovação de pautas prioritárias. Com o financiamento internacional e a relevância estratégica da estatal, a posição de liderança na empresa torna-se um ativo ainda mais valioso para negociações políticas. Nos bastidores, comenta-se que essa concessão reflete a fragilidade do governo Lula, que, diante de sucessivos desgastes e dificuldades de articulação, opta por abrir mão de espaços importantes em troca de apoio político temporário.
Perspectivas para o futuro
A expectativa agora recai sobre como o novo comando dos Correios lidará com o déficit bilionário e os desafios de modernização da estatal. O financiamento do banco dos Brics pode ser um ponto de virada, mas a politização da gestão da empresa levanta dúvidas sobre a eficácia das medidas a serem adotadas. Enquanto isso, o governo segue navegando em um cenário de instabilidade, buscando equilibrar interesses políticos e a necessidade de resultados concretos para a população.