Antônio Campos aponta indícios de que peça do avião foi alterada para provocar acidente fatal em 2014

Onze anos após a tragédia que vitimou o então candidato à Presidência Eduardo Campos, seu irmão, o advogado Antônio Campos, voltou a declarar publicamente que o político foi vítima de assassinato. Em entrevista concedida nesta quinta-feira (29) à Folha de Pernambuco, ele foi categórico ao afirmar que houve sabotagem na aeronave que resultou na morte do ex-governador de Pernambuco.
“Foi um assassinato! Mexeram numa peça do avião”, declarou Antônio Campos, sustentando que o episódio ocorrido em Santos, no litoral paulista, em agosto de 2014, não passou de um acidente fortuito. Na ocasião, Eduardo Campos representava uma das principais forças de oposição à candidatura de reeleição da então presidente Dilma Rousseff (PT).
Contexto político e possíveis motivações
O advogado relacionou a morte do irmão ao cenário político da época, sugerindo que a candidatura de Eduardo representava uma ameaça real ao projeto de poder petista. Antônio também fez referência às denúncias apresentadas pelo presidente nacional do PSB, que acusou o governo Dilma de utilizar a estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar o político pernambucano.
“O acidente com o avião tem a ver com esse entorno e com esse contexto, que o tempo revelará. Foi um assassinato! Mexeram numa peça do avião, o que seria de difícil prova, métodos muito utilizados por profissionais do crime”, declarou o irmão da vítima.
Segundo Antônio Campos, existiam tensões pessoais e políticas entre Dilma Rousseff e Eduardo Campos que iam além das divergências programáticas. “Dilma implicava e tinha ciúmes da relação pessoal e política de Eduardo com Lula”, revelou, sugerindo que disputas internas no campo progressista podem ter motivado ações extremas.
Batalha judicial em curso
Mesmo após mais de uma década, a família Campos mantém ativa uma ação judicial na tentativa de provar suas suspeitas. O processo de produção de provas tramita na 4ª Vara Federal de Santos, sob o número 5001663-02.2017.4.03.6104, ajuizado por Antônio e sua mãe.
“Há pareceres de assistentes técnicos nesse sentido, que foram desconsiderados numa pífia investigação da autoridade policial responsável pelo assunto à época”, criticou o advogado, questionando a qualidade da apuração inicial.
Arquivamento e desarquivamento
O caso passou por diferentes momentos na Justiça. Em setembro de 2023, o inquérito que investigava a morte de Eduardo Campos foi desarquivado por determinação da Justiça Federal, sinalizando que novas evidências poderiam ser analisadas.
Contudo, em abril de 2024, o processo voltou a ser arquivado. O juiz Roberto Lemos dos Santos Filho, da 5ª Vara Federal de Santos, encaminhou a ação à Procuradoria-Geral da República (PGR), que concluiu pela inexistência de elementos suficientes para justificar a reabertura do inquérito.
A persistência da família em buscar respostas demonstra que, mesmo com o arquivamento oficial, as suspeitas sobre as circunstâncias da morte de Eduardo Campos permanecem vivas. O caso continua sendo um dos episódios mais controversos da política brasileira recente, dividindo opiniões entre aqueles que acreditam em acidente e os que defendem a tese do assassinato político.