
O ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), não poupou críticas ao voto divergente de Luiz Fux, que absolveu Jair Bolsonaro das acusações ligadas à suposta tentativa de golpe de Estado. Apesar de não integrar a Primeira Turma, Gilmar classificou como “incoerência” o entendimento de Fux e ressaltou que, da sua perspectiva, se não houve golpe, não deveria haver condenação de figuras como Cid e Braga Netto, e muito menos dos demais envolvidos, apontando profunda contradição no julgamento.
Durante evento em São Paulo, Gilmar deixou claro seu alinhamento com Alexandre de Moraes, afirmando que teria apoiado incondicionalmente o relator caso estivesse presente na votação. Ele ainda chamou de “ilegítimo e inconstitucional” qualquer projeto de anistia aos investigados do 8 de janeiro, tentando travar iniciativas que visam reparar excessos do próprio STF e devolver equilíbrio às decisões judiciais. Amparado por uma visão abertamente contrária à direita, Gilmar fez ironias ao desmerecer críticas sobre excesso de autoritarismo no STF e minimizou as sanções dos Estados Unidos ao Brasil.
A contundente manifestação de Gilmar Mendes ocorre poucos dias após a Primeira Turma do Supremo sentenciar Bolsonaro a 27 anos de prisão em uma votação de 4 a 1, com Fux sendo o único a reconhecer nulidades processuais gritantes e defender que a Corte não teria competência para julgar o ex-presidente. Fux também apontou evidente cerceamento de defesa, ao mencionar o volume desproporcional de dados apresentados de última hora, postura que desagradou notoriamente o ministro decano.