Entidade judaica condena fala do presidente e exige posicionamento contra o terrorismo do Hamas

A Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) emitiu uma nota contundente neste domingo (6), repudiando as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a abertura da Cúpula dos Brics, no Rio de Janeiro. Na ocasião, Lula voltou a classificar as ações de Israel em Gaza como “genocídio” e “matança indiscriminada”, além de defender a criação de um Estado palestino com base nas fronteiras de 1967. Para a Fisesp, a postura do petista desconsidera fatos concretos e adota uma retórica carregada de viés ideológico, em vez de responsabilidade diplomática.
Durante seu discurso, o presidente afirmou que “não é possível permanecer indiferente ao genocídio praticado por Israel em Gaza” e acusou o uso da fome como “arma de guerra” na região. A entidade judaica, no entanto, considera que o uso do termo “genocídio” por Lula é uma afronta à memória das vítimas do Holocausto, banalizando um dos crimes mais atrozes da história. Segundo a Fisesp, tal declaração não apenas falseia a realidade, mas também representa um risco ao legitimar o terrorismo, fomentar o antissemitismo e isolar o Brasil no cenário global.
Silêncio sobre o Hamas e os reféns
Um dos pontos mais criticados pela federação é a omissão de Lula em relação ao Hamas e à situação dos reféns sequestrados desde o ataque de 7 de outubro de 2023. A nota destaca que cerca de 50 pessoas permanecem em cativeiro, sofrendo torturas físicas e psicológicas há mais de 630 dias. “Para o presidente da República, esse horror parece invisível”, lamenta a entidade, questionando a ausência de condenação aos atos terroristas do grupo ou de exigências pela libertação dos sequestrados.
Postura internacional e alinhamento questionável
A Fisesp também aponta contradições na política externa brasileira sob o comando de Lula, ecoando críticas recentes da revista The Economist, que classificou a diplomacia do país como “incoerente” e “hostil ao Ocidente”. Enquanto o presidente condena ações contra o Irã — que financia o Hamas e reprime brutalmente mulheres e minorias —, ele ignora os ataques a civis israelenses e se aproxima de regimes autoritários como Rússia e Venezuela. Para a entidade, isso não é mediação pela paz, mas uma escolha de lado que compromete a credibilidade do Brasil no mundo.
Defesa de um Estado palestino sem terrorismo
A federação reafirma que Israel e a comunidade judaica global apoiam a formação de um Estado palestino, desde que livre da influência terrorista do Hamas e do suporte antissemita do Irã. “O Hamas não quer dois Estados. Não quer coexistência. Quer destruição”, enfatiza a nota. A entidade defende que a paz só será possível com a erradicação do terrorismo e critica Lula por não reconhecer essa realidade.
Nota na íntegra
Segue abaixo o texto completo divulgado pela Fisesp, mantido sem alterações conforme solicitado:
“A Federação Israelita do Estado de São Paulo (FISESP) manifesta profunda indignação diante das recentes declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a sessão ‘Paz e Segurança e Reforma da Governança Global’ do BRICS, neste domingo (6). Ao voltar a acusar Israel de genocídio e defender que a solução do conflito passa exclusivamente pelo fim da ‘ocupação israelense’, o presidente ignora, mais uma vez, a realidade dos fatos, escolhendo o caminho da retórica ideológica, e não da responsabilidade diplomática.
Desde o massacre promovido pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, Israel vive sob ataque. Famílias foram destruídas. Mulheres foram estupradas. Crianças foram executadas. 50 pessoas seguem sequestradas há mais de 630 dias em Gaza, sendo vítimas diárias de tortura física e psicológica. No entanto, para o presidente da República, esse horror parece invisível.
Lula não menciona o Hamas. Não exige a libertação dos reféns. Não condena os mísseis lançados sobre civis israelenses. Mas condena Israel, a única democracia do Oriente Médio, por defender sua população.
Ao falar em ‘genocídio’, o presidente desrespeita mais uma vez a memória das vítimas do Holocausto e banaliza um dos crimes mais graves da história da humanidade. Sua fala não é apenas falsa, é perigosa. Ela legitima o terrorismo, estimula o antissemitismo e isola o Brasil no cenário internacional ao colocá-lo ao lado de regimes ditatoriais que sufocam liberdades.
A recente reportagem da revista The Economist, classifica com precisão a atual política externa brasileira como ‘incoerente’ e ‘hostil ao Ocidente’. Um país que condena ataques a instalações iranianas, ignorando o fato de que o Irã financia o Hamas e reprime brutalmente mulheres e minorias, não está promovendo a paz. Está escolhendo lados. E escolheu o lado errado.
Lula se aproxima da Rússia, da Venezuela e do Irã, mas se afasta de democracias e ignora o sofrimento de civis israelenses. Participa de cúpulas ao lado de ditadores, mas não aperta a mão do presidente dos Estados Unidos. Se diz mediador da paz, mas só aponta o dedo para um lado do conflito. Isso não é neutralidade. É cumplicidade.
A Federação Israelita do Estado de São Paulo reafirma que Israel e os judeus ao redor do mundo desejam, sim, um Estado Palestino, mas livre do terrorismo do Hamas e sem o financiamento antissemita do Irã. O Hamas não quer dois Estados. Não quer coexistência. Quer destruição. E, diante da paz, o terror perde sua razão de existir.
O presidente da República deve lealdade ao povo brasileiro, não aos regimes que patrocinam o terror. Em nome das vítimas do 7 de outubro, dos reféns ainda vivos e da verdade histórica, exigimos responsabilidade, equilíbrio e humanidade por parte do Chefe de Estado. O Brasil, que já foi referência diplomática no mundo, não pode ser porta-voz do ódio.
Paz se constrói com verdade. E a verdade é que não há paz possível enquanto o Hamas existir.”
Futuro da diplomacia brasileira
As declarações de Lula na Cúpula dos Brics reacendem o debate sobre o rumo da política externa brasileira. A postura adotada pelo governo petista, na visão de críticos, distancia o país de democracias consolidadas e o alinha a nações que desrespeitam direitos humanos. Resta saber se o Planalto ajustará seu discurso ou seguirá priorizando alianças ideológicas em detrimento de uma posição equilibrada no cenário internacional.