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Filiação de Reinaldo Azambuja ao PL no dia 6 de junho gera divisão na direita e ameaça unidade bolsonarista

Ex-governador pode enfrentar resistência de parlamentares do partido e vaias de base conservadora em cerimônia

Reinaldo Azambuja e Jair Bolsonaro - Foto: Correio do Estado
Reinaldo Azambuja e Jair Bolsonaro – Foto: Correio do Estado

A iminente filiação do ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB) ao Partido Liberal (PL), marcada para o próximo dia 6 de junho em Brasília, promete gerar mais divisão do que união na direita brasileira. Embora o evento conte com a presença do ex-presidente Bolsonaro e do presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto, a chegada do ex-tucano ao partido enfrenta resistência silenciosa de parte significativa da bancada bolsonarista.

Parlamentares do PL demonstram desconforto com chegada de Azambuja

Nos bastidores do Congresso Nacional, deputados e senadores do PL já manifestam desconfiança em relação à filiação de Azambuja. O histórico político do ex-governador, que por anos integrou o PSDB e manteve posições moderadas em temas caros ao conservadorismo, gera questionamentos sobre sua real adesão aos princípios defendidos pela direita bolsonarista.

A preocupação se intensifica quando parlamentares do partido recordam que Azambuja nem sempre esteve alinhado com as pautas mais defendidas pela base de Bolsonaro durante seus dois mandatos como governador de Mato Grosso do Sul (2015-2022). Essa percepção alimenta o temor de que sua entrada no PL seja mais uma jogada política oportunista do que uma conversão ideológica genuína.

Base conservadora prepara recepção fria para ex-tucano

A militância bolsonarista em Mato Grosso do Sul, conhecida por sua ortodoxia ideológica, não esconde o ceticismo com a chegada de Azambuja. Grupos organizados de apoiadores do ex-presidente já sinalizam que podem protestar durante a cerimônia de filiação, questionando a coerência de receber no partido alguém que historicamente representou o “centrão” político brasileiro.

O risco de vaias e manifestações contrárias durante o evento em Brasília preocupa a cúpula do PL, que teme que a recepção hostil possa manchar a imagem de unidade que o partido tenta projetar para as eleições de 2026. A situação se torna ainda mais delicada considerando que Azambuja deve assumir a presidência estadual da legenda e ser lançado como pré-candidato ao Senado Federal.

Estratégia de Bolsonaro pode sair pela culatra

Embora as conversas entre Azambuja e o PL tenham se intensificado nos últimos meses, a movimentação é vista por críticos como mais um exemplo da política de alianças questionáveis que tem caracterizado a gestão de Valdemar Costa Neto no comando nacional do partido. Para esses opositores internos, aceitar políticos com histórico moderado pode diluir a identidade ideológica que fortaleceu o PL nos últimos anos.

A fusão do PSDB com o Podemos, da qual ainda depende a confirmação da filiação, também gera desconfiança entre os bolsonaristas mais radicais, que interpretam a manobra como uma tentativa de Azambuja de manter pontes com o centro político, mesmo migrando para a direita.

A chegada de outros nomes que devem acompanhar Azambuja na abertura da janela partidária de 2026 também alimenta o temor de que o PL esteja se transformando em um “abrigo” para políticos em busca de novas oportunidades eleitorais, independentemente de sua afinidade real com os valores conservadores.

O movimento, que deveria representar o fortalecimento da direita em Mato Grosso do Sul, pode acabar gerando mais fragmentação e questionamentos sobre a autenticidade do projeto político bolsonarista para 2026.