Prefeitura mobiliza força-tarefa para recuperar estragos provocados por precipitações 80% acima da média histórica, enquanto equipes trabalham intensamente mesmo sob condições adversas

Campo Grande enfrenta um abril extraordinário em termos meteorológicos, consolidando-se como o mês mais chuvoso do ano até o momento. As fortes precipitações dos últimos dias têm desafiado a infraestrutura urbana da Capital, mobilizando equipes municipais que trabalham incansavelmente para minimizar os transtornos à população.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o acumulado de chuvas em abril já alcançou 184,6 milímetros – superando em mais de 80% a média histórica esperada para o período, que era de 101,6 mm. Com a previsão de mais precipitações nos próximos dias, abril de 2024 deve ultrapassar março (191,4 mm) e se isolar como o mês com maior volume pluviométrico deste ano.
O meteorologista Vinicius Sperling, do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec-MS), explica que este cenário atípico está relacionado a sistemas meteorológicos invulgarmente ativos para esta época do ano.
“As configurações de vento ao norte está trazendo muita umidade para Campo Grande, situação que é fora do comum para esta época do ano”, destacou Sperling. Quando questionado sobre a possível relação com mudanças climáticas, o especialista não descartou: “A mudança climática pode sim influenciar que esses sistemas meteorológicos fiquem mais ativos em uma época que não deveria [ocorrer]. Mas não temos certeza se esse será o novo normal daqui para a frente”.
Prefeitura age rapidamente frente aos desafios
As intensas chuvas, que registraram acumulado de 88,6 milímetros apenas entre quinta e sexta-feira conforme o Cemtec-MS, resultaram em diversos pontos críticos pela cidade. Na Rua da Divisão, uma erosão comprometeu a tubulação, enquanto na região da Chácara dos Poderes, a situação mais grave levou à interdição da Estrada SE-1 devido à abertura de uma cratera.
Em resposta rápida, a Prefeitura reativou a sala de situação nesta sexta-feira para coordenar estrategicamente as ações de contenção e reparos emergenciais. Equipes da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) já trabalham na sinalização e recuperação dos pontos afetados, além de garantir rotas alternativas para minimizar o impacto no trânsito.
O secretário Marcelo Miglioli, titular da Sisep, detalhou as ações que estão sendo implementadas pela gestão municipal: “O [problema ocorrido] no [Centro Municipal de] Belas Artes é mais simples, e nós já vamos começar imediatamente a intervenção por lá e [também] providenciar os materiais necessários para que a gente possa fazer a intervenção nesse ponto en frente do Hospital Alfredo Abrão”.
Sobre a situação mais complexa na Chácara dos Poderes, Miglioli explicou que “houve uma interrupção da pista, e nós temos que fazer uma intervenção mais pesada ali. Porém, para fazer isso, dependemos de São Pedro colaborar um pouco com a gente”.
Trabalho ininterrupto mesmo sob condições adversas
A administração municipal demonstra proatividade também no atendimento às ocorrências envolvendo quedas de árvores e galhos. Apenas durante as chuvas de quinta-feira, foram registradas 328 notificações desse tipo, número que evidencia a intensidade do fenômeno climático que atinge a capital.
Além dos trabalhos nos trechos danificados da Avenida Ernesto Geisel, onde parte do concreto que reveste as paredes do córrego desabou em dois pontos estratégicos (frente ao Hospital de Câncer Alfredo Abrão e ao Centro Municipal de Belas Artes), as equipes mantêm vigilância constante em diversas regiões da cidade.
A Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil, em parceria com a Sisep, monitora áreas como a Avenida Rachid Neder, o Bosque das Araras, os bairros Los Angeles e Noroeste, além da Avenida Mascarenhas de Moraes – todos pontos sob atenção especial após os danos causados pelas chuvas.
O esforço coordenado da administração municipal poderá ganhar ainda mais agilidade, já que a Câmara Municipal estuda a possibilidade de um decreto de Estado de Emergência, o que permitiria ao Executivo realizar compras para recuperação estrutural sem a necessidade de licitação, acelerando os reparos.
O que esperar nos próximos dias
A previsão do Cemtec-MS não traz alívio imediato. Para os próximos dias, técnicos indicam tempo instável, com muitas nuvens e poucas aberturas de sol. Existe alta probabilidade de chuvas intensas e tempestades acompanhadas de raios e rajadas de vento, especialmente na metade sul do estado.
Os acumulados podem ultrapassar 50 mm em 24 horas, principalmente entre este domingo e segunda-feira, em consequência do avanço de uma frente fria. A partir de terça e quarta-feira, espera-se queda nas temperaturas, que podem chegar a 12°C em algumas localidades da metade sul de Mato Grosso do Sul.
Diante deste cenário desafiador imposto pela natureza, a Prefeitura mantém equipes em prontidão e reforça o compromisso de atuar com celeridade para minimizar os transtornos à população campo-grandense, demonstrando capacidade de resposta mesmo frente a eventos climáticos extremos fora do período habitual.