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Favorito à presidência da Câmara adota postura ambígua sobre anistia para agradar esquerda e direita

Hugo Motta promete ao PT não pautar anistia, mas busca apoio bolsonarista com discurso neutro

Hugo Motta e Arthur Lira Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Hugo Motta e Arthur Lira Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

O deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) desponta como o principal nome na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, articulando apoio tanto do Partido Liberal (PL), ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, quanto do Partido dos Trabalhadores (PT), do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa aliança incomum entre forças políticas opostas tem gerado questionamentos sobre o compromisso do parlamentar em relação a pautas sensíveis, como a anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.

Motta, em diálogos com líderes petistas, prometeu que, caso eleito, não colocará em votação projetos que concedam anistia às pessoas acusadas de participação nos atos contra os Três Poderes. Essa postura agradou ao PT, que busca preservar a narrativa de responsabilização dos envolvidos e de defesa da democracia. No entanto, ao mesmo tempo, o deputado adota um discurso mais neutro com a base bolsonarista, evitando se comprometer de maneira definitiva sobre a questão da anistia, a fim de garantir apoio dos parlamentares alinhados ao ex-presidente Bolsonaro.

A estratégia de Hugo Motta é típica do chamado “Centrão”, grupo político que se caracteriza por estar disposto a negociar com diferentes espectros ideológicos para manter sua influência e controle sobre cargos estratégicos. Essa postura tem alimentado críticas de que o candidato estaria tentando agradar a todos os lados, prometendo posições conflitantes para assegurar sua eleição à presidência da Câmara. Enquanto busca consolidar sua liderança, Hugo Motta se depara com o desafio de administrar expectativas opostas, em um cenário político polarizado, sem comprometer sua credibilidade junto aos parlamentares.