Deputada do PSOL tentou justificar baixa adesão à manifestação contra escala 6×1 com evento que só ocorrerá no sábado, no Rio

Em uma tentativa inusitada de justificar a baixíssima adesão ao protesto contra a escala 6×1 de trabalho realizado nesta quinta-feira (1°) na Avenida Paulista, a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) atribuiu o fracasso da mobilização ao show da cantora Lady Gaga. A declaração, dada durante entrevista à CNN Brasil, chamou atenção pela impossibilidade cronológica: a apresentação da artista pop internacional está programada apenas para o próximo sábado (3), no Rio de Janeiro – a 400 km de distância e dois dias após o ato esvaziado.
O episódio expõe o aparente descolamento entre a pauta promovida pela parlamentar de esquerda e o real engajamento popular que ela esperava mobilizar. Erika Hilton é autora da PEC 8/2025, que propõe alterar a Constituição para extinguir a escala 6×1 (seis dias de trabalho por um de descanso), modelo utilizado por diversos setores econômicos brasileiros há décadas.
A proposta legislativa, no entanto, não demonstra avanço significativo no Congresso Nacional desde fevereiro deste ano, quando foi protocolada na Câmara dos Deputados. A estagnação da matéria parece refletir também nas ruas, onde a manifestação convocada pela própria deputada via redes sociais reuniu um número modesto de trabalhadores e representantes sindicais.
A baixa adesão ao movimento contrasta com o alarido feito nas redes sociais, onde militantes da esquerda tentaram pintar a mudança na escala de trabalho como uma demanda urgente e popular. O fracasso da mobilização sugere que, apesar dos esforços retóricos, a proposta não conseguiu capturar o interesse nem mesmo dos trabalhadores que supostamente seriam beneficiados.
Analistas políticos apontam que a escolha de culpar um evento cultural que sequer aconteceu revela o despreparo argumentativo diante do evidente desinteresse público pela causa defendida pela parlamentar. O episódio levanta questionamentos sobre a capacidade da esquerda de conectar-se com as reais preocupações dos trabalhadores brasileiros, que enfrentam desafios mais prementes como inflação, desemprego e insegurança.
Enquanto isso, a PEC 8/2025 permanece sem movimentação expressiva no Legislativo, e o próximo passo para sua tramitação ainda é incerto, assim como o futuro de novas tentativas de mobilização popular em torno do tema.