Família busca Justiça após a perda do primeiro bebê; defesa do médico nega negligência e afirma ter seguido os protocolos

O que seria um dia de celebração para o servidor público Adalberto Fontoura, de 39 anos, transformou-se em uma lembrança dolorosa. Em 21 de outubro de 2024, ele e a esposa chegaram à Maternidade Cândido Mariano, em Campo Grande, para o nascimento do primeiro filho, Antônio Gabriel — data escolhida com carinho para coincidir com o aniversário do próprio pai. Cinco dias depois, o bebê faleceu, e a família passou a questionar o atendimento recebido.
“Entrei na maternidade com um pré-natal perfeito, um bebê saudável, cheio de sonhos, e vi vida do meu filho ser ceifada por descaso e demora”, desabafa Adalberto, ainda emocionado. Segundo ele, o parto, previsto para as 7h, teve início com atraso devido à ausência inicial do pediatra responsável. Após o nascimento, o bebê teria apresentado dificuldades respiratórias, situação que, conforme o relato, demorou a ser tratada.
De acordo com o pai, o médico deixou o hospital pouco depois do parto, e as enfermeiras tentaram contato para que retornasse, o que não teria ocorrido. A equipe informou que o caso ficaria sob os cuidados de outra médica, irmã do profissional, que — ainda conforme a versão da família — demorou cerca de duas horas para avaliar o recém-nascido, pois atendia outro parto de risco.
“Meu filho nasceu às 7h26 e teve piora logo em seguida. Só às 9h alguém foi olhar novamente. Cada minuto era uma sentença”, lamenta. Segundo o prontuário, o bebê foi encaminhado à UTI neonatal somente às 14h47, apresentando quadro grave de hipóxia, acidose respiratória e sepse. Apesar dos esforços da equipe de emergência, Antônio Gabriel não resistiu e morreu no dia 25 de outubro.
Durante quase um ano, os pais preferiram o silêncio. Recentemente, decidiram buscar na Justiça uma resposta. O processo movido por Adalberto aponta suposta negligência médica e pede que o caso seja apurado. “Eu não quero vingança, quero justiça. E quero que nenhuma outra família passe pelo que eu vivi”, diz o pai.
A defesa do médico nega as acusações de abandono, afirmando que houve acompanhamento remoto com a equipe local e que os horários relatados pelo pai não correspondem aos registros da maternidade. Em nota, declarou que a “conduta médica foi cautelosa, com exames e medicação adequados à suspeita diagnóstica”.
Já a Maternidade Cândido Mariano informou que não irá se manifestar sobre o caso enquanto o processo estiver em andamento.
Enquanto aguarda os desdobramentos na Justiça, Adalberto procura dar novo sentido à dor. “Meu menino foi embora, mas quero acreditar que sua história ainda vai impedir que outros pais enterrem seus sonhos”, afirma, com esperança e pesar misturados.





