Deputado ignora decisão do próprio pai e expõe incoerência da família Bolsonaro, que cobra lealdade dos aliados, mas não segue suas próprias orientações

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a gerar ruído dentro do Partido Liberal (PL) e expôs, mais uma vez, a incoerência política da família Bolsonaro. Nesta quarta-feira (12), o parlamentar anunciou, nas redes sociais, seu apoio público ao deputado Marcos Pollon (PL) como pré-candidato ao Senado por Mato Grosso do Sul em 2026, ignorando a decisão oficial da legenda e as declarações recentes do próprio Jair Bolsonaro e do presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, que confirmaram Capitão Contar como o nome escolhido para a disputa.
A atitude de Eduardo foi vista como um ato de rebeldia contra a direção do partido e uma contradição direta em relação ao discurso que ele, o senador Flávio Bolsonaro e outros aliados vinham defendendo até poucos dias atrás. Nesta mesma semana, os irmãos Bolsonaro fizeram vídeos exigindo “gratidão e obediência” dos políticos em relação ao ex-presidente, durante a polêmica envolvendo Carol de Toni e a disputa por uma vaga ao Senado em Santa Catarina. Na ocasião, Flávio e Eduardo criticaram abertamente quem ousasse divergir de Jair Bolsonaro — mas, ironicamente, dias depois lançaram o irmão, Carlos Bolsonaro, como candidato.
Agora, o cenário se repete com Eduardo contrariando a própria orientação familiar. Pelo X (antigo Twitter), ele publicou:
“No Mato Grosso do Sul eu, e tenho certeza que toda a minha família, queremos ver o Marcos Pollon no Senado. O Pollon sempre esteve ao nosso lado e segue com a mesma lealdade desde o primeiro dia. Espero que você pense muito em aceitar esse desafio, Pollon.”
A publicação pegou mal nos bastidores do PL. Isso porque, na véspera, Valdemar da Costa Neto já havia anunciado oficialmente Capitão Contar como o segundo nome do partido para o Senado, ao lado do ex-governador Reinaldo Azambuja (PL) — e destacou que a escolha havia sido feita “com aval do presidente Jair Bolsonaro”.
Ou seja, Eduardo não apenas contrariou Valdemar, como também desautorizou o próprio pai, mostrando o quanto o clã Bolsonaro tem se perdido em contradições e disputas internas.
Em resposta ao apoio, Pollon reforçou o tom bolsonarista:
“Obrigado, meu irmão! Não desistiremos do Brasil! Anistia já! LIBERTEM BOLSONARO!” — escreveu o deputado sul-mato-grossense, ecoando o discurso de vitimização que o grupo político tenta manter vivo.
O gesto evidencia o racha dentro da direita em Mato Grosso do Sul, onde a ala fiel a Eduardo Bolsonaro quer impor sua própria lista de candidatos, enquanto Valdemar tenta manter a unidade partidária. A postura do deputado paulista, contudo, deixou claro: a família Bolsonaro exige submissão de aliados, mas não demonstra a mesma lealdade às próprias decisões.
Com cada filho agindo por conta própria — Flávio em Brasília, Eduardo nos EUA e Carlos nas redes — o “bolsonarismo” dá sinais de desorganização e disputa interna por protagonismo, justamente quando mais precisava parecer coeso para 2026.





