Esquema que desviou R$ 6,3 bilhões de aposentados teve participação de sindicato dirigido por “Frei Chico” e levou à queda do presidente do INSS

O deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO) protocolou nesta quarta-feira (23) um requerimento para criação da “CPI das Fraudes do INSS”, visando investigar o esquema monumental que desviou R$ 6,3 bilhões das aposentadorias de brasileiros vulneráveis entre 2019 e 2024. A iniciativa parlamentar ganha força após a operação conjunta da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) que expôs ramificações do escândalo em pelo menos 11 sindicatos.
O caso ganhou contornos políticos explosivos quando a investigação atingiu o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi/SF), que tem como diretor vice-presidente José Ferreira da Silva, conhecido como “Frei Chico” e irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O sindicato acabou sendo alvo de mandados de busca e apreensão, além de ter seu descredenciamento determinado pelas autoridades, evidenciando a gravidade das suspeitas.
A megaoperação, que desferiu um duro golpe no esquema, cumpriu 211 mandados em 14 estados e no Distrito Federal, resultando em bloqueio de bens superiores a R$ 1 bilhão. Seis suspeitos foram presos e o escândalo provocou um tremor institucional no governo, forçando o afastamento e posterior pedido de demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto.
“Não podemos permitir que sindicatos usem a estrutura pública para cometer abusos contra quem mais precisa de proteção”, afirmou o deputado Chrisóstomo, autor da proposta de CPI. O parlamentar enfatizou que é dever do Congresso Nacional garantir transparência e proteger os aposentados do país, historicamente vulneráveis a fraudes institucionalizadas.
Para que a CPI seja efetivamente instalada, o requerimento, atualmente em fase de coleta de assinaturas, precisa obter o apoio de pelo menos 171 deputados. A expectativa é que a comissão possa rastrear não apenas o destino dos bilhões desviados, mas também identificar possíveis conexões políticas que facilitaram a perpetuação do esquema por tanto tempo.
A proximidade de um dos sindicatos fraudulentos com o núcleo familiar da presidência levanta questões sobre o conhecimento prévio do esquema por parte de figuras do alto escalão do governo, abrindo uma nova frente de desgaste para a atual administração, já envolta em diversas controvérsias.