Pesquisar

Deputado Lidio Lopes preside sessão solene em homenagem aos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial

Foto: ALEMS
Foto: ALEMS

Na noite desta quinta-feira (8), a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) foi palco de uma emocionante sessão solene para a entrega da Medalha do Mérito Força Expedicionária Brasileira. A cerimônia, proposta pelo deputado estadual Lidio Lopes (Sem Partido), marcou os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial e prestou homenagem aos bravos combatentes brasileiros que participaram do conflito, bem como a cidadãos que hoje se dedicam à preservação dessa importante memória histórica.

Uma cerimônia carregada de simbolismo

Em um ambiente repleto de autoridades militares e civis, a solenidade iniciou com um forte simbolismo: oito décadas após o silenciar dos canhões na Europa, o Brasil continua honrando aqueles que arriscaram suas vidas nos campos de batalha da Itália. “Oito décadas se passaram do maior e mais devastador conflito da história da humanidade. Neste marco tão significativo, prestamos uma justa homenagem aos bravos febianos, guardiões de uma memória forjada em coragem, sacrifício e amor à pátria”, destacou o deputado Lidio Lopes em seu discurso de abertura.

A mesa de autoridades contou com a presença de importantes lideranças militares, incluindo o general de exército Luiz Fernando Estorilho Baganha, comandante do Comando Militar do Oeste, o general de divisão Márcio Luiz Nascimento Abreu Pereira, chefe do Centro de Coordenação de Operações do CMO, o general de divisão Sérgio Pedro Coelho Lima, o general de brigada Sandro Ernesto Gomes, chefe do Estado-Maior do CMO, o capitão de Mar e Guerra, fuzileiro naval Anderson Veras Marques, chefe do Estado-Maior do sexto distrito naval de Ladário, e o comandante da Base Aérea Coronel Aviador Nilton de Abreu Fonseca Filho.

A memória dos pracinhas brasileiros

Durante seu discurso, o deputado Lidio Lopes emocionou os presentes ao relembrar a figura de “seu Agostinho”, um veterano que por muitos anos acompanhou a sessão solene e selecionava pessoalmente os homenageados. “Assistir esse vídeo e rememorar a imagem do seu Agostinho é muito forte para nós. Eu que por vários anos estive com ele presidindo essa sessão, onde ele podia prestar as suas homenagens, e quase todos homenageados eram escolhidos a dedo por ele, pelo acompanhamento que tinha”, declarou o parlamentar.

Um momento de especial destaque foi a menção ao senhor Justino Pires, de 105 anos, descrito como o último remanescente da FEB em Mato Grosso do Sul, residente em Ponta Porã. Sua longevidade e seu testemunho vivo da história representam um tesouro de memórias para as novas gerações.

Lidio Lopes também compartilhou experiências pessoais de conversas com veteranos de guerra, incluindo familiares de amigos e conhecidos. “Quando eu ia para Santa Maria eu tinha a oportunidade de sentar e ouvir as suas histórias, e quando eu sentava então com o seu Luiz aqui em Campo Grande, eu também ouvia as histórias. E ouvir as histórias desses verdadeiros valentes, que foram representar o Brasil, que foram combatentes, e poder retornar é algo extraordinário”, relatou.

O trauma invisível da guerra

Em um dos momentos mais reflexivos de seu discurso, o deputado abordou o impacto psicológico da guerra sobre os soldados. Ele narrou como os veteranos descreviam noites de tensão constante nas trincheiras: “A gente às vezes, debaixo no acampamento, na hora de dormir, às vezes dormia com um olho e vigiava com o outro, para saber se nós iríamos amanhecer o dia seguinte, ou se seríamos atacados naquela noite”.

Estabelecendo um paralelo com sua própria experiência durante a pandemia de COVID-19, quando esteve gravemente doente, Lidio Lopes refletiu sobre o medo de não acordar no dia seguinte. “É tão, o psicológico é tão fortemente abatido, que eu fico imaginando as pessoas numa guerra. Então ir para uma guerra e voltar como eles voltaram, esses verdadeiros combatentes, guerreiros, lutadores, e bravos homens do exército brasileiro”, comparou.

O parlamentar também mencionou como diferentes veteranos lidaram com suas experiências após o retorno: enquanto alguns, como seu Agostinho, mantinham um semblante alegre e sorridente pela gratidão de ter sobrevivido, outros regressaram com profundas cicatrizes emocionais e psicológicas, muitos nunca conseguindo se recuperar totalmente.

A voz dos veteranos

O presidente da Associação Nacional dos Veteranos da FEB, coronel Wellington Corlet dos Santos, trouxe uma perspectiva importante sobre o papel da memória histórica: “Cada conquista daqueles dias difíceis carrega lições que não podem se perder com o tempo. É nosso dever garantir que as novas gerações conheçam o valor da paz e o preço que ela custou. Os ensinamentos precisam ser passados adiante, pois somente assim é possível evitar que a história se repita e para que o sacrifício de muitos indivíduos nunca seja esquecido”, afirmou.

Em nome dos homenageados, o professor João Robson trouxe à tona a dimensão do esforço brasileiro na Segunda Guerra: “Há oito décadas, mais de 25 mil brasileiros deixaram tudo para trás e partiram rumo à Itália, onde participaram de combates intensos contra os nazistas e fascistas. As famílias esperaram, muitas vezes em silêncio, pela volta de seus filhos, maridos e pais”. Ele enfatizou o compromisso com a memória: “Que a memória da Força Expedicionária Brasileira siga viva nas escolas, nos livros e nas histórias passadas de geração em geração.”

Os homenageados da noite

A cerimônia teve como ponto alto a entrega da Medalha do Mérito da Força Expedicionária Brasileira a 29 personalidades que se destacaram na difusão de ideais humanitários e na preservação da memória histórica. Entre os agraciados, encontravam-se combatentes, professores, jornalistas, advogados, cerimonialistas e voluntários.

Receberam a honraria: Antônio Fermiano (In Memoriam), Divo Pires Peixoto (In Memoriam), Maximiano José dos Santos (In Memoriam), Ângela Antonieta Athanázio Laurino, Arlinda Cantero Dorsa, Camila Dib Silva Jorge, Christiano Marcio da Silva Mendonça, Diames Quintana, Diogo Cavalcante Bezerra, Douglas dos Santos Ferreira, Diva Becker, Eduardo Henrique de Oliveira Lima, Gerson Claro, Hélio Augusto Poli de Souza, Jaqueline Bortolotto, Jean Lopez Fernandes, João Cláudio Munareto, João Robson Oliveira de Souza, Jorge Christian Fernández, José Adalto dos Santos, José Luis de Sales, Juliana Rodrigues Affe, Larissa Corrêa Ribeiro, Luiz Roberto Botosso Júnior, Nadir Salete Pasa, Raimundo Moreira Marin, Robson de Freitas Reis, Rodrigo Cozendey Pires e Ronaldo Gianesi.

Um legado para as futuras gerações

Encerrando seu discurso, o deputado Lidio Lopes fez uma referência ao livro bíblico de Eclesiastes, capítulo 9, versículo 10: “Tudo que vier às mãos para fazer, faze-o conforme as tuas forças”, interpretando que devemos fazer o melhor com dedicação. “Porque para a sepultura, para onde tu vais, não há obra, nem indústria, nem ciência, nem sabedoria alguma, ou seja, nós não levamos nada dessa vida, mas nós deixamos, deixamos uma história e escrevemos grande legado. Não tenho dúvida que esses febianos deixaram grande legado e escreveram a sua história. A eles a nossa homenagem.”

A cerimônia encerrou reafirmando o compromisso com a preservação da memória histórica e com os valores de paz, liberdade e dignidade humana pelos quais lutaram os pracinhas brasileiros. A data de 8 de maio, conhecida mundialmente como o Dia da Vitória, marca não apenas o fim do maior conflito armado da história, mas também representa um alerta permanente sobre os horrores da guerra e a importância da construção contínua da paz entre os povos.

Oito décadas depois, a homenagem na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul provou que, mesmo com o passar do tempo, o Brasil não esquece seus heróis e os valores pelos quais eles lutaram em terras distantes.

Confira as fotos da solenidade: