Rodrigo Amorim defende programa de saúde mental para adultos que tratam bonecos hiper-realistas como filhos verdadeiros, alertando para riscos de dependência afetiva e quadros depressivos

Em meio à crescente popularidade dos chamados “bebês reborn” – bonecos hiper-realistas que simulam recém-nascidos –, o deputado estadual Rodrigo Amorim (União Brasil-RJ) levantou uma preocupação que transcende o mero modismo. O parlamentar apresentou à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) um projeto de lei que visa criar um programa especializado de saúde mental voltado para adultos que desenvolvem vínculos parentais com estes objetos inanimados.
A proposta surge como resposta a um fenômeno que, segundo o deputado, pode mascarar problemas psicológicos sérios quando ultrapassa certos limites. “O que pode parecer uma piada, uma brincadeira, é uma realidade na nossa sociedade hoje e nada mais é do que o mais absoluto transtorno mental que deve ser enfrentado pelo poder público”, declarou Amorim durante sessão na Alerj nesta quarta-feira (14).
O programa idealizado pelo parlamentar prevê parcerias estratégicas com ONGs, universidades, instituições de ensino públicas e privadas, além de órgãos governamentais e setores da sociedade civil. O objetivo central é oferecer atendimento psicológico preventivo contra adoecimento mental, depressão e, em casos extremos, tendências suicidas.
Na justificativa do projeto, Amorim reconhece que os bonecos podem ter funções terapêuticas válidas. “Eles podem servir como objeto de conforto e apoio emocional para pacientes que estão passando por situações difíceis, como luto, trauma ou estresse”, admite o texto. Entretanto, o deputado faz um alerta crucial: estes objetos “não podem ser um objeto que faça a pessoa fugir da realidade ou ainda criar uma dependência afetiva”, situações que indicariam “necessidade de atendimento psicológico”.
Durante seu pronunciamento na tribuna, o deputado enfatizou que o caso representa “a mais absoluta deturpação do seio familiar, do indivíduo, da mente humana”, classificando a situação como “um transtorno mental e, sobretudo, como um caso de saúde pública” que merece atenção especial das autoridades.
A iniciativa levanta importantes questões sobre os limites entre comportamentos inofensivos e potenciais distúrbios psicológicos, especialmente em uma era onde a substituição de relações humanas por simulacros se torna cada vez mais comum.