Vereadores querem investigar o cumprimento do contrato do transporte coletivo em Campo Grande
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O requerimento para abertura da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga o Consórcio Guaicurus foi apresentado na Câmara Municipal de Campo Grande nesta quinta-feira (20). A proposta, que busca apurar o cumprimento do contrato do transporte público na cidade, conta com 11 assinaturas, ultrapassando o mínimo necessário para sua instauração.
A vereadora Luiza Ribeiro (PT) classificou o momento como histórico e explicou que o requerimento foi protocolado na quarta-feira (19) pelo vereador Junior Coringa (MDB). O objetivo da CPI é entender os motivos pelos quais as cláusulas do contrato não estariam sendo cumpridas e por que os órgãos fiscalizadores não têm exigido a devida prestação dos serviços.
“Para nós, é uma felicidade mostrar que temos o requerimento assinado por 11 vereadores, um número superior ao necessário. A Câmara dos Vereadores há muito tempo devia para Campo Grande um aprofundamento na discussão sobre o transporte coletivo”, afirmou Luiza.
Segundo a parlamentar, desde a assinatura do contrato em 2012, a quantidade de passageiros diários caiu de 260 mil para cerca de 105 mil. “Isso já demonstra que o transporte público está inoperante, quase inexistente”, acrescentou.
CPI deve ser instaurada em março
O vereador Junior Coringa (MDB) reforçou que a intenção da comissão é esclarecer eventuais irregularidades e, se constatadas falhas graves, buscar alternativas para o serviço. Segundo ele, caso seja comprovada a necessidade, a CPI poderá recomendar a revisão da concessão e do atual modelo de transporte.
“A nossa torcida é que consigamos instaurar agora depois do Carnaval”, disse Coringa. O requerimento será analisado pela procuradoria da Casa dentro de um prazo estimado de 15 dias.
O presidente da Câmara, vereador Papy (PSDB), recebeu o documento, que agora segue para os trâmites internos da Casa. Ele, no entanto, não assinou o pedido de CPI.
Vereadores que assinaram o pedido da CPI
- Junior Coringa (MDB)
- Ana Portela (PL)
- André Salineiro (PL)
- Rafael Tavares (PL)
- Jean Ferreira (PT)
- Luiza Ribeiro (PT)
- Landmark (PT)
- Maicon Nogueira (PP)
- Fábio Rocha (União Brasil)
- Flávio Cabo Almi (PSDB)
- Ronilço Guerrero (Podemos)
Manifestantes pedem apuração sobre transporte público
Na noite de quarta-feira (19), um grupo de manifestantes organizou um ato na Praça Ary Coelho para pressionar vereadores a assinarem a abertura da CPI.
O movimento foi articulado por organizações como o Coletivo Linha Popular, Ligados no Transporte, Unidade Popular e União da Juventude Comunista (UJC). Os manifestantes reivindicam a investigação da concessão do transporte coletivo, alegando falhas na prestação dos serviços e um recente aumento na tarifa.
Douglas, representante do Coletivo Linha Popular, explicou que a mobilização dá sequência a outras manifestações contra o reajuste das passagens.
“Entendemos que a raiz do problema está na concessão privada do transporte. O Consórcio Guaicurus, ao lucrar com o transporte público, prejudica os usuários com um serviço precário, ao mesmo tempo em que recebe isenção de impostos e subsídios da Prefeitura de Campo Grande. Precisamos pressionar pela CPI para investigar essas falhas”, afirmou.
Além de questionar o aumento das tarifas, os manifestantes defendem uma auditoria no cumprimento do contrato e uma possível revisão do modelo de concessão, com o objetivo de melhorar a qualidade do transporte público na cidade.