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Vitória das mulheres: Corte Suprema britânica define que transexuais não são mulheres perante a lei

Decisão histórica encerra debate sobre definição legal do termo “mulher” no Reino Unido

Bandeiras LGBTQIA+ e transexual Foto: Cecilie Bomstad | Unsplash
Bandeiras LGBTQIA+ e transexual Foto: Cecilie Bomstad | Unsplash

Em uma sentença histórica proferida nesta quarta-feira (16), a Suprema Corte do Reino Unido estabeleceu definitivamente que o termo “mulher” na legislação britânica refere-se exclusivamente ao sexo biológico. A resolução encerra uma batalha jurídica de anos promovida pela organização For Women Scotland e traz clareza para instituições que enfrentavam dilemas sobre espaços diferenciados por gênero.

O litígio teve origem quando a organização contestou a decisão do governo escocês de incluir pessoas transgênero nas cotas para equilibrar a representatividade feminina em cargos públicos.

Determinação biológica

“A decisão unânime deste tribunal é que os termos mulher e sexo na Lei da Igualdade de 2010 se referem a uma mulher biológica e ao sexo biológico”, declararam os magistrados após intenso debate sobre a definição legal.

No documento de 88 páginas, os juízes ressaltaram que a decisão não representa vitória para nenhum dos lados, uma vez que a Lei de Igualdade de 2010 já oferece proteção contra discriminação para pessoas transgênero.

A corte esclareceu que indivíduos portadores de certificado de redesignação de gênero (CRG) não se enquadram na definição legal de “mulher” conforme a legislação de 2010, invalidando assim a posição adotada pelo governo escocês.

O primeiro-ministro da Escócia, John Swinney, declarou que seu governo “aceita a decisão da Suprema Corte” e analisará suas implicações na legislação escocesa.

Vitória para as mulheres

Susan Smith, representante da For Women Scotland, comemorou: “Os políticos precisam entender que essa é a lei. Eles precisam parar de implementar as diretrizes erradas em escolas e hospitais. Agora temos uma base realmente sólida sobre a qual podemos avançar”.

O atual governo trabalhista britânico manifestou apoio à decisão, afirmando que ela proporciona “clareza” sobre espaços diferenciados por gênero, como centros para vítimas de agressão sexual ou violência doméstica.

“Sempre apoiamos a proteção de espaços diferenciados por sexo com base no sexo biológico. A decisão da Suprema Corte sobre a definição de mulher na Lei da Igualdade traz clareza e confiança às mulheres e aos prestadores de serviços, como hospitais, albergues e clubes esportivos. Os espaços diferenciados por sexo são protegidos por lei e sempre serão com este governo”, destacou o governo.

A líder do Partido Conservador Britânico, Kemi Badenoch, celebrou o veredito: “Dizer ‘mulheres trans são mulheres’ nunca foi verdade na prática, e agora não é verdade na lei. Essa é uma vitória para todas as mulheres que sofreram abuso pessoal ou perderam seus empregos por dizerem o óbvio. Mulheres são mulheres e homens são homens: não se pode mudar o sexo biológico. A era de Keir Starmer nos dizendo que as mulheres podem ter pênis chegou ao fim. Muito bem, For Women Scotland!”

A Comissão de Igualdade e Direitos Humanos (EHRC), órgão fiscalizador da igualdade no Reino Unido, também recebeu positivamente a decisão, confirmando que um certificado de redesignação não altera o sexo legal de uma pessoa para os fins previstos na Lei de Igualdade.