Empresa estatal lança peças comemorativas aos 40 anos do movimento e ao “Abril Vermelho”, gerando forte reação de parlamentares da oposição

A estatal Correios provocou controvérsia ao lançar dois selos comemorativos exaltando o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), organização historicamente ligada à esquerda brasileira e conhecida por invasões de propriedades privadas. Um dos selos celebra os 40 anos da fundação do movimento, enquanto o outro homenageia o chamado “Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária”, data que remete ao episódio de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 1996.
As ilustrações escolhidas pela empresa pública não economizam na simbologia ideológica. Um dos selos retrata militantes carregando bandeiras do Brasil e do próprio MST, em clara associação do movimento com valores nacionais. O outro exibe a bandeira vermelha do grupo cercada por elementos agrícolas como sementes, frutas e plantas, sugerindo uma vinculação do movimento com a produção rural brasileira.
A iniciativa gerou imediata reação no Congresso Nacional. O deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), integrante da bancada conservadora, não poupou críticas: “os Correios gastam dinheiro público promovendo o ‘Abril Vermelho'”, afirmou, classificando a homenagem como uma “vitrine da vergonha”.
Na mesma linha, o deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP) denunciou que a empresa pública, sob o comando do atual governo, foi transformada em “promotora de pautas militantes para atacar opositores”.
A decisão dos Correios de utilizar recursos públicos para celebrar um movimento frequentemente associado a ocupações ilegais e confrontos com produtores rurais ocorre em um momento em que o MST intensifica invasões de propriedades por todo o país, em ações que têm gerado insegurança jurídica no campo e preocupação entre investidores do agronegócio, setor responsável por parcela significativa do PIB brasileiro.
O lançamento desses selos reforça a percepção de alinhamento ideológico entre o governo atual e movimentos que contestam o direito à propriedade privada, um dos pilares da economia de mercado. A iniciativa também levanta questionamentos sobre o uso político de empresas públicas para promover agendas partidárias específicas.