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Correios cancelam leilão milionário após cheque sem fundo de ONG ligada a pai de santo

Terreno avaliado em R$ 280 milhões, em Brasília, havia sido arrematado por entidade chefiada por líder religioso; nova licitação será aberta

Agência dos Correios (Imagem ilustrativa) Foto: Agência Brasil/Elza Fiuza
Agência dos Correios (Imagem ilustrativa) Foto: Agência Brasil/Elza Fiuza

Os Correios cancelaram a venda de uma área avaliada em R$ 280 milhões, localizada em Brasília (DF), após receberem um cheque sem fundo emitido pela ONG CPM Intercab, responsável por arrematar o imóvel em um leilão público. A entidade foi a única participante da licitação, o que levantou questionamentos sobre o procedimento.

O terreno, que anteriormente abrigava uma escola de gestão e um clube voltado a funcionários da estatal, havia sido colocado à venda como parte do plano de alienação de bens da empresa pública, estratégia para reduzir despesas e gerar receita ao caixa dos Correios. Contudo, a operação foi anulada assim que a instituição constatou a fraude no pagamento.

CPM Intercab, sediada em Taguatinga (DF), é dirigida por Jorge Luiz Almeida da Silveira, conhecido como Pai Jorge de Oxóssi, um líder religioso do candomblé com atuação em causas sociais. Segundo ele, o cheque sem fundos teria sido um “erro administrativo”, e a ONG ainda teria interesse em adquirir o imóvel. “Não sabíamos das irregularidades e queremos regularizar a situação para concluir a compra”, declarou em entrevista ao Estadão.

Os Correios confirmaram o cancelamento da venda e informaram que uma nova licitação será aberta, seguindo os trâmites legais. A estatal reforçou que o processo de alienação de imóveis ocorre dentro das normas de transparência e controle público, e que o episódio é considerado um caso isolado.

O terreno, situado em uma área valorizada da capital federal, continua sendo disputado por grupos empresariais e investidores, que aguardam a reabertura do processo. Internamente, a direção dos Correios avalia ajustes nas regras de garantia financeira para evitar novas tentativas de fraude.