Banco Central adota tom de cautela diante da pressão fiscal do governo Lula e do cenário internacional instável

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (5) manter a taxa Selic em 15% ao ano, repetindo a mesma decisão das duas últimas reuniões. O colegiado justificou a medida citando incertezas no cenário externo, especialmente em relação à política econômica dos Estados Unidos e ao avanço das tensões geopolíticas, que têm pressionado mercados emergentes como o Brasil.
Em nota, o Copom afirmou que o ambiente internacional “ainda se mantém incerto” e que isso exige “cautela por parte dos países emergentes num contexto de instabilidade global”. No panorama doméstico, o comitê observou que a economia brasileira segue em ritmo de moderação, embora o mercado de trabalho ainda demonstre fôlego. A inflação apresentou leve desaceleração, mas segue acima da meta oficial, estimada em 4,5% para 2025 e 4,2% para 2026, conforme o boletim Focus.
A decisão reflete também a preocupação do Banco Central com o desequilíbrio fiscal, agravado pela postura gastadora do governo. As políticas de aumento de despesas e a pressão do PT por juros mais baixos, mesmo sem reformas estruturais, criam desconfiança no mercado e mantêm as expectativas de inflação desancoradas, o que impede cortes mais significativos na taxa básica.
Entre os fatores que podem impulsionar a inflação, o Copom destacou o risco de desancoragem das expectativas por um período prolongado, a pressão de serviços devido ao mercado aquecido e uma possível desvalorização persistente do câmbio. Já os fatores que poderiam reduzir a inflação incluem uma desaceleração econômica doméstica e global maior que a prevista e uma eventual queda no preço das commodities.
Em comunicado, o comitê informou que a manutenção da Selic em 15% é “compatível com a estratégia de convergência da inflação à meta”, além de contribuir para “suavizar oscilações econômicas e fomentar o pleno emprego”.
A taxa Selic continua sendo o principal instrumento de controle da inflação e serve como referência para empréstimos, financiamentos e investimentos em todo o país. A manutenção do patamar atual indica que o Banco Central busca preservar a credibilidade monetária, em meio a um ambiente político e fiscal desafiador.





